canção sem tempo (tou desamado e sem saco pra escrever) republico, então

Data 29/01/2011 12:50:34 | Tópico: Poemas

no porão da casa velha da rua conde de são joaquim
ouço tosses...tosses...
lembrança da avó?
prenúncio de tuberculose?

espio o baú adormecido faz tempo
a torneira enferrujada volta a respírar no tanque
e solta um gemido de água morna...

no porão da casa velha
um silêncio comprido pede uma prece
a negra velha como a casa aparece com sua boca desdentada
olha para mim e se ri
pergunto-lhe o motivo da graça
ela dá uma cusparada de fumo mascado e reponde:

- Ué, sêo poeta, o senhor não ouviu, não?! São as criancinhas mortas querendo brincar com o Menino Jesus de Praga.

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júlio


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