Cartas (3)

Data 29/01/2011 21:49:37 | Tópico: Poemas

Conto-me em micro gotas,
essas palavras que caem como cai, imperceptível, uma chuva fina às quatro da manhã.
Conto-me a mim, como se de ti falasse; como se tatuasse tuas pegadas na epiderme do papel, com a tinta vulnerável dos que não tem certeza:

Ah, amado, a taça delicada de onde bebeste tudo que há em mim
hoje é um corpo marcado pela lâmina agreste da saudade.
Vem,amado, tornar em flores os meus olhos de palha.

Conto-me falando em sombras e rastros, silhuetas que o tempo tornou amorfas, mas que ainda vagam, fantasmas, pelo momento que já não existe.
Escrevo-me em dolorosas imagens na moldura do nosso caminho, como uma fotografia do que eu nunca fui - porque amar é um poema que não se refaz etc., etc., etc.



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