O LUAR DE SAPUCAIA: A HERDEIRA ( CAP II )

Data 02/02/2011 16:04:22 | Tópico: Contos -> Policiais

Jorge Britto fechou a porta atrás de si e Jane ainda olhou por um momento para os papéis que estavam em suas mãos.
Pensou para si:
"Depois eu cuido de ler tudo isso. Agora ao trabalho, Jane! Você tem muito o que fazer até viajar para Sapucaia..."
Há mais ou menos 2 anos, investiu no seu escritório. Era um negócio pouco conhecido:
Gerenciava uma firma de prestação de serviços, e ao seu comando, estavam empregadas domésticas, eletricistas, bombeiros hidráulicos, jardineiros, motoristas particulares, etc...
Teria que deixar alguém de sua confiança para cuidar da firma, e ainda alimentar seus peixinhos no aquário de sua casa. Ao fim do dia, já havia conseguido:
Lembrou da antiga vizinha, que conhecia desde os tempos de menina, para cuidar dos peixinhos e deixar a luz de fora da casa acesa, durante a noite.
Para gerenciar a firma no seu lugar, chamou sua amiga íntima: Lorraine. Elas eram como unha e carne, dividiam até seus pensamentos, se isso fosse uma coisa possível!
Respirou fundo, tudo certo...
Sapucaia aí vou eu! Pensou, enquanto escolhia a roupa para a sua pequena mala.
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A praça era bem agradável. Jane percorreu com os olhos tudo à sua volta. Era muito limpinha a cidade... Ah, se o Rio fosse como nas pequenas cidades do interior, pensou...
Deu uma voltinha pelo lugar, e achou bonita a fachada da prefeitura.
Olhou para o relógio, e verificou que já estava quase na hora marcada, para o encontro com Jorge Britto.
Procurou um lugar para sentar, reconheceria de onde estivesse, aquele homem...
Já para o advogado, a lembrança dos olhos encantadores de Jane, não era fácil esquecer...
Reparou que ela era uma bela morena de trinta anos. Corpo razoável, dedos curtos, cabelos cacheados que faziam de seu rosto uma moldura perfeita!
Mas sabia, dentro de si: Jamais tal mulher olharia para ele com outros olhos, sua figura era realmente sem graça...
Mesmo assim, também era ele um homem muito bem casado, por sinal....
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Jane estava vestida com um bonito conjunto de blusa e saia, azul anil.
O homem chegou e pareceu bem suado, como se tivesse corrido para estar ali a tempo.
Enxugou com um lenço que tirou da calça, o suor que descia pela testa.
Disse para Jane:
_ Bom dia, srta Jane. Apesar desse calor... Como vai?
_ Bem obrigada, sr Britto. Vamos cuidar das coisas pendentes então?
_ Sim, a caminho do cartório vou lhe falando sobre seus novos bens.
Jane ficou surpresa em saber que agora além de ter uma nova casa de 4 quartos, varanda e quintal imensos e ser dona de um pequeno sítio, ainda teria uma boa quantia em dinheiro transferida para sua conta, que seu primo deixara no banco.
Parecia que tudo estava indo bem demais para ser verdade, embora teve uma ponta de arrependimento de pensar dessa forma:
Afinal, era pela morte do primo que estava ali tomando posse de tais bens...
Não sabia o quanto isso mudaria sua vida, daquele momento em diante...
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continua...
Fátima Abreu


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