Condescendência

Data 02/02/2011 17:23:07 | Tópico: Poemas -> Introspecção





Eu mastigo e mastigo
(e eu mastigo, com muita paciência...)




Eu mastigo a dor e o amor
e o desamor eu também mastigo,
tal, como todos os dias eu mastigo, tanta coisa, sem valor...


E, enquanto eu mastigo a tua ausência,
eu mastigo a saudade,
tal como, se, na verdade, ela fosse um castigo

Desde a adolescência, que, de quando, em quando,
eu mastigo a carência,
tal, como, de quando, em quando, eu mastigo a presença,
daqueles que vêm, até mim, ditar a sua sentença

E quando eu me vejo numa situação de emergência
eu até mastigo a impertinência

Na verdade,
sempre que a vida, de mim, perde a piedade,
há tanta coisa que eu mastigo e mastigo,
tanta coisa, a que eu tenho que dar a minha anuência,
que, por vezes, o tanto para mastigar,
torna-se, para mim,
numa verdadeira violência

É que, por contingência, eu mastigo tudo, tudo,
e, tudo, o que eu mastigo, por contingência,
eu tenho que o mastigar e mastigar...,
e eu mastigo esse tudo - tudo - sempre, com muita paciência...

apsferreira




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