
... e das areias movediças se elevam lânguidos suspiros
Data 12/09/2007 09:59:47 | Tópico: Poemas -> Amor
| Voluteiam em folhas secas, frescas bridas e das areias movediças se elevam lânguidos suspiros ao momento preciso que os meus braços rebuscam esvoaçados o derrube impúdico de cisternas e muros, vã tentativa de desmoronar silêncios de vazios.
Ao largo, repousa alvoraçada uma gaivota, na espuma encapelada da onda, num leito prateado sem mácula e nela, igualmente, a firmeza se balouça arguta e logo se esvoaça finíssima de tão discreta…
Da janela, amado, da janela à fímbria da chuva, no suplante de rochedos e muralhas, ergue-se vermelha na chama da carne ardente, frágil borboleta, arfando e arquejando na agonia solitária da desdita.
E já os pés se sucumbem frios nos lodos dos seixos escorregadios, e já as pernas se confundem em temores e receios de um grito mergulhado na garganta, de um grito que se escorre desarvorado em deuses fratricidas, e logo as asas se espadanam breves e concisas, alisando águas bravas, urtigas e silvados, em geometrias sucintas de danças de ventre, de dois corpos alados, no instante supremo em que, do Infinito Horizonte, retomas o nosso tempo e me tomas nos teus dedos de sangue e me fazes retornar em mãos abertas do mundo esquartejado das trevas.
Quando, meu amado, em sonho apenas, me tomas tua, no corpo e na alma, me elevas e me acalmas no cântico exaltado da tua arte suprema. E és em mim, poema!
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