
Jardins abandonados
Data 04/02/2011 02:13:15 | Tópico: Poemas
| Se chegares, mansamente pises... Entres. Não precisas bater, apenas vá entrando, Sorrateiro... Com cuidado, não faças alarde... Olhes-me... Sem nada perguntar (...) Não rias... Não fales, Silêncio e tato não podem faltar Ando assim tão frágil, Assim como a imagem de mim nas águas do rio... Que com o vento balança sem precisar ser carne Apenas sombra, apenas imagem refletida. Daí se quiseres: SENTA-TE... De modo - e - com maneiras suaves, Encosta-te ao pé do meu calado medo ...E depois de me haveres olhado, e ainda com cuidado; Podes se quiseres e se souberes cantar aquela canção Que canto, quase que todas as tardes Quando a noite vem me visitar... Folheies o meu secreto coração, Isto pode, e vejas: Que de tão dissílabo, tornou-se sino... Batendo... Mas sem som... Batendo... Depois, leias meus versos, jamais escritos ou falados; Eles estão em meus olhos tatuados, sentidos e guardados... POR NINGUÉM LIDO. Por favor, não te espantes se forem graves, Se tiverem manchados... São versos tão íntimos TÃO RAROS... Tão sofridos e caros... Custaram-me tanto... TANTA TRISTEZA... Parecem de tão sérios -"um fado"... Podes adentrar em "quase" todos os sussurros Podes passear nos meus jardins abandonados Podes colher os jasmins e margaridas E as orquídeas, ai... As orquídeas... Olhando para elas; até já tenho chorado... Podes... Podes mesmo até te banhares no lago Só não podes é roubar de mim o último sorriso... Entres sim, mas com muito cuidado... Este sorriso é único que - hoje -tenho guardado. (RS...)
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