… a palavra escrita já não me basta

Data 13/09/2007 09:18:11 | Tópico: Poemas -> Amor

Na escuridão da noite, no alvor da madrugada,
busco uma ponte,
uma vereda,
uma estrada,
um trilho elementar que me conduza
à claridade pressentida no teu brilho.

Doiem-me as palavras, depauperadas, debilitadas
na busca de serem pálpebras cerradas
a amodorrar o meu sono …
Das asas esgotadas no pó de pluma,
já se partiram há muito, uma a uma,
as forças com que me elevo em desgraça e desdita.

As finas asas estão, meu amado,
carcomidas,
devoradas p’lo caruncho e p’las traças.

… a palavra escrita já não me basta.
Já não me acalma!

E neste estado, elevo agora o silêncio do grito
e te afirmo, sobre o linho sânscrito,
que os cavalos que nos galopam velozes
as veias da alma
encontram pradarias nos nossos corpos colados
em noites de luas cheias …
Que as abelhas, as abelhas obreiras,
são secretas freiras em claustros que são só nossos;
Que os soluços rumorejados
se renovam cruzados nos nossos olhos espelhados
em sorrisos, malmequeres risonhos...

Tantos sonhos, meu amado… tantos sonhos!




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