
CIDADE EM ESCOMBROS
Data 13/02/2011 15:44:57 | Tópico: Poemas -> Sombrios
| Peculiares estrelas reluzem no céu, espelham-se nas águas, mais abaixo, no tremeluzir cintilante das árvores, no rio de sempre; e os meus punhos de carmim são como gumes de facas, direccionados à lua, que continua parada no seu cinzentismo de silhuetas informes, em paredes indivisíveis, de ilusões de outrora.
Janelas com olhos de mosca, acendem escritórios, com manequins no lugar de pessoas; e guindastes abrem suas temíveis mandíbulas, que nos muros se desenham e os gatos ignoram, como sem vontade de ter vontade, senão o que os move por estimulação siamesa, dando caça ao alimento, que lhes exige de felina criatura audácia.
Estátuas cheias de verdete, engalanam as ruas e avenidas, sem carros nem transeuntes, apenas e só vagabundos, dobrados em quatro, na agonia das sirenes, que se calaram, sem aviso prévio, enquanto todos continuam escondidos em subterrâneos, fugindo das bombas, da Terceira Guerra Mundial, que principiou com um irreflectido gesto tirânico.
Só escombros na cidade, a este momento avançado da minha escrita, enquanto as pessoas se estreitam, nos esconderijos e ouvem os queixumes, das crianças e dos idosos, implorando por um pouco de água, mas sair à rua é suicídio, e entre choros, espeto meus braços com setas e vou à luta infame, que se trava lá fora, num mundo, que agora desconheço.
Jorge Humberto 13/02/11
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