A força e as palavras.

Data 14/02/2011 11:18:13 | Tópico: Duetos



"Existem momentos da vida em que tudo conta, outros em que as contas nada valem. Os passos abrandam e inquietam-se em cada nova etapa, subimos e descemos tantas vezes. Algumas olhamos o alto e achamos que é o lugar certo, noutras tal como esta achamos que no vale onde as águas param é o sitio certo. Para quê reunir força para uma nova subida? Contudo o estado estático não existe e as horas movem-se em dias que deixam marcas, cicatrizes e rugas..."

Existem palavras que nos empurram para o alto,sentimos a sua força ,a sua magnificiencia nas horas em que o desespero no toca no mais profundo do nosso ser ,e ai elas conduzem-nas a um patamar onde nos repousamos da jornada e onde nos alimentamos da sua força imanente.
Os passos indecisos param por momentos e descansam de uma canseira a que a vida nos conduz todos os dias,Há dias em que sentimos este peso,este envelhecer por fora,a imagem que se transforma nas sombras da existência.
Pergunta-mos-nos...
Onde ir buscar as forças?
Será aos abraços que já não sentimos por perto?Ao olhar cada vez mais distante daqueles que pusemos no mundo?
As respostas não vem,e só as palavras teimam em nos despertar desta sonolência em que entregamos o corpo e por vezes alma.
E ai somos um mundo inteiro a desbravar,sentimentos ,emoções,vivências ofertas de novas manhãs ,presentes de uma luz renascente


"Os dias e o tempo são fragmentados em tantas partículas com variadas fontes que por vezes entopem o olhar...as deambulações confundem as melhores reflexão do universo, ou o olhar ainda não seja tão amplo como os astros luminoso destes cosmos onde as moradas se propagam, entregam e partem...
Nestes instante superflus do destino são construídos os mais belos templos, isso eu sei, mas o corpo teima em não aceitar estas dores que a alma chora em silêncios e esforços em suor invisível ao mundo...tento levitar, mas as mãos estão pesadas com a sujidade do mundo onde os dedos tocam e as feridas se alargam.
O som que grita por mim em cada hora é de desistir, parar, não mais lutar...mas a alma que Deus me entregou têm um olhar lúcido e fala, fala sem parar todas as palavras que tantas vezes dei a outros para os levantar."

E a vida continua neste complexo emaranhado de abismos que enfrentamos todos os dias..
Mas sons que ouvimos saídos do nossos Ser mais profundo,reflexos de dádivas antigas que nos embalam devagar,chegam até nós trazido pelos ventos que acariciam o nosso rosto.
São palavras poderosas vindas de um outro tempo remeniscencias de outros caminhares.
E o vento teima em soprar.


"Trás até mim os carinhos distantes que me tocam tão perto, como um toque da pele...as lágrimas correm, correm numa corrente tempestiva envolta de furações com medo, sim com medo porque o medo é o entrave humano mais difícil de se passar...nem sempre falo no medo, escondo para que ele não veja a luz do dia, mas nas noites ele vagueia pelo corpo apoderasse dos sentidos, e argumenta as mais loucas frases para que a alma se faça cessar...
Nesta luta em que os movimentos se repetem e os remoinhos se enrolam já nem os silêncios são armas...as palavras essas saem desordenadas em pedaços descolados do âmago do coração que ferve e se dilata para fora de tudo dentro do nada que é este vazio transfigurados dos dias de Inverno vestidos de neve..."


É a força das palavras que nos veste o corpo de esperança ,esperando ansiosas as novas estações,onde a frio e a neve dos dias de inverno se dissipam a nossos pés ,os caminhos vazios e frios já não nos emudecem a voz e os sons dos pássaros cantam-nos melodias de um novo tempo em que a alma se aquece e se ilumina com a luz clara de novas primaveras.
O corpo recebe a nova luz e alma flutua nas palavras novas,promessas de novos horizontes.


Ana Coelho /São gonçalves





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