PASSO DE GIGANTE

Data 14/02/2011 17:46:42 | Tópico: Poemas

PASSO DE GIGANTE

Na face do tempo, no rosto do mundo
Enrolo carpideiras mortalhas de choro
E cerro nos dentes um longo segundo
Mordendo o silêncio em que me demoro.
Ah, se a vida fossem asas de falcão
Não fruiria no meu ventre a solidão.

Mas regressa sempre a casa de mansinho
Quando o dia se prepara para dormir
Abraçando flores perdidas no caminho
Que como eu nasceram sem pedir.
Perfumam por instantes o condão
De viver e de morrer na solidão.

E emolduro mais um grito, louco
Nos pés, despidas de geometria
As pedras da coragem por ser pouco
A sede de saber, que eu não sabia.
Trespasso a ignorância em que me fito,
E em silêncio nasce o quadro do meu grito.

A solidão do homem tomba sem fim
Nas penas do falcão sonhado um dia,
E caiem-lhe dos dedos de marfim
As flores que foram breve companhia.
E se prende por incrível no distante
Dum passo que não deu, por ser gigante.

Regensburg
12-07-2010
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