
SERVIÇO DE FINANÇAS
Data 15/02/2011 10:40:48 | Tópico: Poemas -> Reflexão
| A primeira vez que recebi os direitos de autor, tinha que ter recibos verdes. Fui às Finanças em Sacavém, para preencher a papelada, tinha que dar uma profissão e a senhora tinha um lista das profissões pendurada com um cordel, sujo, diga-se, e como eu não quis declarar poeta, foi um problema, disse-me que eu tinha que ir a Lisboa ao Ministério da Justiça, daí esta poesia.
++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++++ Se um dia for às Finanças da cidade de Sacavém Leve consigo a esperança e a paciência também. A esperança e ser recebido com um sorriso no rosto A amabilidade de ser servido sem ter que pagar imposto.
A paciência para suportar a indiferença dessa gente São Janeiro sem Luar e dia sem Sol Nascente. Lá encontrará a arrogância, nem sempre as informações E se ainda há tolerância não está nesses balcões.
Não sei quem as destinou a cumprir este seu fado. Mas quem a isso as obrigou deveria de ser castigado. Não sei se estão lá por favor ou se de livre vontade Mas seja lá como for respeitem a dignidade.
Há tanta gente que ri quando podia chorar, Vivem para aqui e para ali, sem trabalho encontrar Trazem nos olhos o amor e a tolerância também Têm no coração o calor que essa Repartição não tem
Lá no balcão, a menina, puxa o cordel com a lista, Tem classe, é coisa fina e creiam... não sou trocista. Na lista das profissões escolha a que lhe convier Se é para escrever canções, não está aquela que quer.
O senhor está numa boa!... E como tenho preguiça Terá que ir a Lisboa ao Ministério da Justiça. Desculpe!... eu não sabia que na vossa repartição, O telefone não existia e Lisboa... está mesmo à mão.
Sobe a lista, desce a lista Escolha o seu oficio. De rir não há quem resista De ver o cordel artista Condenado ao suplício. Faz-me lembrar os galegos Dos meus tempos de escola, A sopinha era o aconchego E para enganar o patego... Sobe a bola, desce a bola!
A. da fonseca
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