Nada detém a palavra Na boca da imaginação Poeta vomita, lavra Vês porque tenho razão?
Passou um vento a zumbir Tentando destruir a plantação No jardim as flores a cair Frases poéticas diziam: Não!
O céu despencou sua água Pensei na fertilidade do sertão “Vidas Secas” agora flutua Em meus pensares um grotão
Graciliano se veste de Fabiano, Pisa a terra árida em desolação Serve o papagaio para a refeição À Baleia os ossos, rabo em abano.
Quintana aponta-me as andorinhas Cantam? Fazendo tremenda alegoria Defecam em minha cabeça, entrelinhas E o amor? Passou e levou-me a sabedoria
Cecília traz-me as luvas e canta “Não sou alegre nem triste” O meu amor já não me encanta Nas sombras sou nada, estou em riste
“As casas espiam os homens” Minha alma é morada da incerteza Poeta das inutilidades, passam os trens Sou nada e os dormentes são certezas
Mas sou a cabocla da Cora Coralina Dentro de mim moram os Orixás africanos Oxossi guerreiro e Oxum menina Entre o rude e a doçura abraço os desenganos!