Extenso poema sobre o amor

Data 15/02/2011 23:17:56 | Tópico: Poemas


Amor
É minucioso estado de calamidade
preso ao vento nas frestas de uma janela
despida.

Degrau de primazia esbelta no perímetro do sonho
amigo em fotossíntese activa
inimigo público,
secreto, casual.

Nevoeiro nas pupilas estendidas sobre os dedos
sonda de ternura suave,
caminho para a perdição alternativa.

Demolição interior,
psicopata acelereção de lábios em partículas
sorrisos perfeitos, cumplicidades em sintonia,
rostos desiguais.

Jogo sem regras, escape sem escolha,
sensualidade sem teatro,
teatro de talento, voz de desalento,
noites de lua nova no silêncio de uma revista.

Calvície de brumas,
densos abraços de ramos exuberantes,
perfume doce,
inóspito deserto rumo à luz.

Loucura de água,
veneno recheado de adrenalina,
antídoto de carícias pousando plumas na nuca.

Amor,
é recrutar no peito os segredos indesvendáveis,
escrever guiões impossíveis de seguir,
perseguir o passado, tornear o presente,
equilibrar o futuro num arame de espasmos de licor.

Corda de violino que vibra em gelo,
que arde em chamas ao som de música clássica
e adormece sobre a cacimba em foco
desfocada num bater dentro do peito.

Câmbio de suor,
falésias de corpos supremos
explosão de cor, castelos de areia sólida,
fragilidade de betão armado
como arma oposta à respiração.

Um princípio sem fim,
um enxame de lágrimas apavoradas,
um fim sem princípio
no dorso de pólen onde sentir.

Pétalas e tambores,
ouro e espuma, secura e espanto.

Horizontes de tudo onde nunca é crueldade,
e certeza é ilusão.


Amor,
É um álbum resistente e brilhante,
palidez no cano de uma espingarda, ruína,
um tanto de magia fantástica
um tanto de saudade
qualquer espaço de riso ou nostalgia.

No rosto
pétalas líquidas genuínas
correndo em fios vermelhos de veludo:
Desérticos. Espinhosos. Mudos.
Enérgicos. Vivos. Delírios. Gargalhadas..


Estrela,
planeta,
gravidade,
levitação
__________.



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+ E|N|C|L|A|U|S|U|R|A|D|O +
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Tudo sei e nada sei...
Tudo sou e em nada me encontro.
No mesmo nada sou TUDO, e em tudo me perco.

Asfalto e azul do mar. Terra forte e sal.
Cromossoma e percurso. Diafragma e fôlego.
Tolo e perspicaz.
Anjo.
Demónio.

Paixão em ziguezague. Precipício em voos. Ardor de frescura.

ROCHA dura, pavio mole.
Esponja de dupla face em bocas unidas. Beijo.


Plumagem fragmentada no cristal de uma qualquer esperança!

P-o-s-s-u-í-d-a

com deleite,

con(fusão). Prazer.
(Es)cama confortável
para tombar medos e mágoas.


Trevo de quatro folhas outonais,
lírio de pupilas,
jardim de oxigénio.

LABIRINTO

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| A |_______________________|_ |____|
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Amor?

Perguntem ao coração.




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