
A Metafísica do Verso
Data 17/02/2011 15:36:07 | Tópico: Poemas -> Surrealistas
| Faço das palavras a profecia Faço das acções a Poesia Faço da bondade a heresia Sou o Poeta que ninguém seria
Pois sou Atila e sou uno Sou o cavaleiro nocturno Sou Cristão, sou o Huno E perscruto o ego profundo
Há quem me chame de João Há quem me chame de Sansão De nascença sou Cristão Sou eclético, sou o Islão
Sou o homem primordial Sou o austral, o boreal Não sou nada, sou sacral Sou o mundo, sou Portugal
Sou Romano, sou católico Sou protestante apostólico Dos versos sou alcoólico Sou viril, sou melancólico
Sou Mongol, conquistador Recebo as palavras do criador Faço-o com prazer e com dor Aceitai os meus versos, Senhor
Sou Platónico, sou um traste Mas nunca tu erraste? Nunca me sonhaste? Meu mel, foste o homem que abraçaste!
Sou Guilherme, o Inglês O Poeta que te fez O homem que pereceu em Fez? Sou um nobre Português.
E Goethe, o Alemão O Poeta da razão O filósofo da paixão Um aristocrata mação
Sou Bocage, sou Pessoa Sou Camões que foi para Goa Sou o Poeta de Lisboa cujo verso te atordoa
Sou Bizâncio derrotada Sou a freira estuprada Sou Roma incendiada Sou a Moira baptizada
De França, sou Bonaparte Sou fútil, sou a Arte Sou o Homem que irá beijar-te Deus é todo, eu sou a parte
Sou Voltaire, iluminado pelo Saber consagrado Sou Bocage, sou o Sado Sou o Tejo, o mar salgado
Sou Kafka, sou de Praga Do Cristo sou a Chaga Praguense que afaga a metamorfoseada
Sou o Báltico, a lituana Sou Vilna, a tirana Sou o homem que ainda te ama Das águas frias, sou a chama
Sou Mozart, iniciado Maestro abençoado No ritmo aperfeiçoado Sou eu o austral cabo
Já viste quem fui eu? Não fui nada, fui o breu Fui o Cristo, o Apogeu Fui Nazi, fui o Hebreu
Já viste quem eu sou? Sou o Poeta que perdurou Sou o Homem que iluminou Sou a procurada bijou
Sou Platão e Aristóteles Sou a República, sou Hipócrates Sou o Homem que nunca fostes Sou o falo triângulo isósceles
Sou a derivada parcial Sou o Pi, o integral Sou o número natural Faço cálculo diferencial
Sou a Álgebra, sou Real O cálculo fundamental Sou Descartes racional Sou Poeta e Portugal
Sou prostituta cristã Sou uma reles mulher maçã Sou moçárabe, sou Imã Tomo por trás tua irmã
Sou impune, sou pueril O menino que brinca no covil Lisboa é o meu redil Sou o filósofo do ardil
Sou quem te abraça meu amor Sou quem te reitera o calor Sou quem te retira a dor Sou da Paz, um Criador
Sou aquele que te ama Aquele que te endoidece Sou a moira profana A quem tu rogas a humilde prece
Sou quem tu anseias Sou quem tu requeiras Sou as másculas sereias Sou Dido, sou Eneias
Sou Vénus e Afrodite Sou renegado, sou Plutão Não há ninguém que me imite Sou quem te doira o coração
Sou a cátedra, o trono O lente e o tutor Sou discente, sou o aluno Sou o Livro, sou Doutor
Sou a Palavra, a Eucaristia Sou a abóbada muçulmana Sou mulher, Santa Sofia Sou só o homem que te ama
O Islão é feminino O Crescente é a mulher Vejo as curvas de menino O regaço que me irá acolher
O Islão é tão mulher O sufista profetizou Será o Cristo, o melhor? Alá e Deus, um Bem comum!
Deus é o Pai e Alá é a Mãe Cristo é Messias, Maomé é Poeta Buda é o Homem, é o profeta A carne é terra, o Verso é Além ____
Imagem de Paulo César intitulada quarto crescente de luz
www.paulocesar.eu
|
|