oito divagações para regressar devagar

Data 23/02/2011 01:51:05 | Tópico: Poemas

de mortis transire ad vitam
da morte à vida
(quarto)

tínhamos saquinhos de cidreira
água fervente e tu encostada ao limiar daquela porta alta
para que o regresso abrisse
o tempo entreaberto.
pó sem gravidade no teu olhar e eu sempre filha
porque assim sempre me parecia
pelos biscoitos de manteiga desenhados.
bebíamos chá às quatro da manhã
sem sabermos o grau das folhas, que incógnitas continham

(ninguém se pode deitar na própria sombra)

e eu sabia.te atrás de mim, à esquerda, à direita, à minha frente
treinando.me a sabedoria
porque assim me fazias e falavas.

quantas vezes te vi
e sempre me surpreendi porque me olhavas assim
à espera, atravessada de nervos e ternura.

foste,e eu ainda vejo o pó sem gravidade no teu olhar e eu sempre filha
porque assim sempre me parecia
sei.te atrás de mim, à esquerda, à direita, à minha frente
treinando.me a sabedoria.

a que sabia o chá que bebemos?


e voltas sempre
em busca de outro chá mais perfeito




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