
Dentro daquela casa, alguém morre...
Data 16/09/2007 23:32:31 | Tópico: Poemas -> Saudade
| Dentro daquela casa, alguém morre como uma luz que esmorece lentamente. Todos os dias a chama vai diminuindo, diminuindo até quase não se distinguir da escuridão que a vai cercando.
Naquele quarto, alguém se extingue suavemente, alguém que foi (é) importante para quem amava, e prestável para quem precisava, sempre que podia. - As almas boas são assim: são poucas as condições que colocam para se partilharem.
Numa cama alguém fecha os olhos guardando recordações. As suas mãos, alvas, já pouco sentem, mas ainda se lembram das outras mãos que ajudaram. E os sorrisos de agradecimento... Os pés, descalços, ainda sentem as pedras dos caminhos rectos por onde andaram. É muito intensa a memória do corpo...
Esta noite alguém morre, alguém que não merecia (alguém merece?) suavemente, quase como quem regressa ao útero materno, depois de tantos anos no seu exterior...
mas não andaremos todos a morrer um pouco todos os dias?
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