...algures entre a nostalgia e o desalento!

Data 17/09/2007 20:36:21 | Tópico: Poemas -> Sombrios

Deriva-me um estado de alma aguado e pardacento,
dilatado em brilhos,
esmaltes,
matizes transparentes,
qual paletas d’arcanjos, poetas ou pintores…

… paleta repletas de mil cores e todas pálidos cinzentos.
Vestais, guerreiros de um templo,
anacoretas, ascetas, guardiãs d’aromas ébrios, incessantes..

Deriva-me um estado de alma
opinado de recordes, refeito a fragmentos,
insurrectos recortes, de sons e cheiros,
de bridas viandantes em pousio
e em resgate de primitivos instantes,
que não vivi,

… sobrevivi apenas, em penas soltas,

agrafadas nas ceras de sílabas cansadas,
das sílabas abertas, consoantes labiais,
de um poema sustenido a custo,
em sons de mola,
no som que abafa e tudo isola,
… que me imola,
quando separa cada ruído do Mundo
aos seus iguais – os meus dos teus ais -,
que nos tutela,
na somatória parcelar de sermos
tão somente, hipogeu, rizoma,
raiz do medo,
raiz d’ébano ou cedro, cravada na alma,
de ser razão, desejo pressentido,
ousadia ou resquício de coragem e,
da palavra,

… da palavra, desta que no mutismo, fala,
genésica origem e nada mais…

Deriva-me um estado de alma
deslavado e pardacento, algures entre a nostalgia
e o desalento!



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