
UM CASAMENTO
Data 08/03/2011 13:40:22 | Tópico: Textos -> Tristeza
| O CASAMENTO
DRAMA EM 2 ATOS
PERSONAGENS
Ricardo – engenheiro 35 anos Lara – Sua noiva 20 anos Clara – amiga dos dois 20 anos Rogério – amigo do casal 20 anos Um casal de mais ou menos 60 anos. Um bandido – mais ou menos 40 anos
Cena 1 Passa-se em Botafogo Zona Sul do Rio Clara e Rogério conversam.
A tua experiência eu sei que poderia Até nos ajudar amigo, mas o dia Expressa o que em verdade eu tanto quis dizer Falando sem perder o rumo de um prazer
Que tantas vezes tento e nisto o que traria Expressa muito além de mera alegoria E sei do quanto resta ou possa perceber E nisto a vida inteira atrás de algum querer
Vencendo o temporal enquanto a vida exprime Algum momento ou mesmo em tom claro e sublime A nossa garantia ainda se investira
Do tanto que se perde envolto na mentira E nisto o quanto resta ao menos se pensara Diversamente enquanto adentra a noite amara.
“Mas Clara veja bem o quanto a vida traz A quem se poderia e deveria em paz Vestir o mais completo e claro sentimento E quando na verdade ainda vejo atento
O rumo sem saber do quanto sou capaz A luta se transfere e nada ao fim se faz Somente o quanto quero e mesmo quando tento Encontro finalmente apenas sofrimento,
Apodrecido sonho enfrentará talvez O que deveras creio e não mais sei que vês, Desfeito do passado e nisto nada veio
Somente o caminhar em tom diverso alheio Apresentando ao fim o quanto não vivera Qual fora algum boneco ainda feito em cera.”
Rogério; entendo bem, mas sei que no final Ricardo mostraria o fim do ritual Aonde cada passo expresse alguma sorte Diversa da que tenho e sei não mais suporte,
Em Lara outro momento em tom mais desigual A noite se aproxima e sendo em mundo tal Que com ansiedade a gente mal comporte Vontade de sonhar e mesmo noutro norte,
Depositando o sonho imerso no vazio Enquanto ainda tento e sei já desafio, Imensidão expressa apenas no não ser
Em cada despedida o mundo possa ver Medonhamente exposto em tom apropriado E o peso que se pende, além do desejado.
Eu sei que na verdade o amor tem destes nãos E adentra sem sentido os velhos torpes chãos Tentando ora cevar o que jamais nascesse E mesmo que pudera ao fim nada tecesse,
Repare cada estrela e nela noutros vãos Os dias traduzindo os passos e demãos Usados na pintura e nada se esquecesse Somente este vazio aonde o merecesse.
Amei e me entregando além de algum limite, Ricardo não percebe e Lara não permite Nada que impeça um passo aonde ela deseja
A vida mesmo atroz audaz e malfazeja Encontraria ali a sórdida presença No amor que se expresse além de uma doença.
“Eu sei quanto se deve enfim ao presumir, O prazo determina o quanto no porvir Verá tal sortilégio imerso noutros braços E mesmo que se veja em sentidos devassos,
O corte se aproxima e nele o que há de vir, Ainda nada além do todo a resumir Vencendo com terror os mais loucos espaços E deste caminhar há meros vagos traços,
Encontro finalmente o tanto quanto é rude O velejar num mar imenso e desilude Não tendo escapatória e nada se admitindo,
Somente o que decerto ainda tento e findo Meu sonho sem proveito e sem qualquer verdade, A juventude expressa em si a liberdade.”
Como não tem igual meu mundo desabasse E sem saber por que ainda num impasse Tramando alguma fonte e nela não veria Sequer o quanto possa a velha poesia,
Restando muito pouco aonde se entranhasse A luta já formada e nela se tratasse Do fim onde vencido encontro o dia a dia Matando o quanto tenho em leda fantasia.
Quanto a Ricardo e Lara, a sorte já foi dita, E nisto o que se vê traduz a voz aflita De quem se fez amante e agora nada tendo,
Percebe o seu caminho exposto em tom horrendo, Aproximando a lupa eu vejo este detalhe E quanto mais se lute o mundo sempre falhe.
“Amiga me despeço, a noite continua E sei que o meu caminho invade a velha rua, Um sonho que se faz em suprema união Permite quanto mais a clara imensidão,
Quem sabe de tal forma a vida que cultua Expresse outra verdade ainda nua e crua, O trem já se aproxima e sei desta estação Perdida num subúrbio embora no verão,
É quase meia-noite e o tempo corre além Depressa devo então senão perdendo o trem O que fazer depois? Apenas me despeço
E sei que tão somente agora o que confesso Traria novamente um novo prazo e o fim Ainda latejando explode dentro em mim...
LEVANTA-SE DA CALÇADA E SEGUE RUMO AO ÔNIBUS E DALÍ PARA A ESTAÇÃO DO ENGENHO DE DENTRO.
Sozinha e ensimesmada Clara “pensa alto”.
Ninguém pode julgar quem tanto amor tivera Só sei que em plenitude a minha primavera Agora se perdendo, e devo me calar São três meses de atraso, e nada a desenhar
Somente esta verdade exposta quase fera Matando esta esperança e o quanto ali se espera Traduz o dia a dia envolto em duro mar Quem dera se eu pudesse enfim, pois caminhar
Na areia desta praia e ter como aliada A noite mais bonita e sempre desenhada Nos tons pratas da lua, aonde se percebe
Beleza sem igual ao dominar tal sebe Grassando no infinito em tom sutil e claro, Falando deste encanto e nele o que preparo.
NISTO SE APROXIMA LARA
Amiga como estás? Que noite fabulosa! A vida se transforma e sei maravilhosa Eu tento adivinhar o que viria após E sinto o que perdi, mas mesmo já sem voz,
O rumo se adivinha e tudo se antegoza Ousando noutra senda ainda majestosa, O meu caminho trama e segue além da foz, Ricardo como está? Assim iremos nós...
O tempo se desenha e nele o que viria Ainda que se tente o sonho em poesia Viceja dentro da alma a imensa claridade,
E bebo o quanto possa a nossa liberdade, Estamos em noventa e o tempo mostrará O quanto se presume e assumo desde já.
“Não posso te falar do tempo sem sentido O meu anseio mesmo aquém eu dilapido E vejo que a verdade explode sem razão Entranho no futuro e sei que ali virão
Apenas outros vãos e o todo repetido Expressa este cansaço e nele cada ouvido Trará em sintonia a mera e vil canção Falando do passado e sei que desde então
Quem sabe faz agora e nada mais espera, O tempo se anuncia e mata a primavera, Há tanto derrotada em invernal caminho,
E o prazo se escoando aonde vai sozinho Sem medo do que veio e sei do que inda venha, Mas nada disso traz o quanto nos convenha.”
“Ricardo também pensa enfim neste vazio, Embora já formado, o medo em desafio Transcende ao que se quer e tenta novo rumo, Enquanto se presume o quanto em vão assumo,
Meu horizonte a cada instante agora amplio E sei que no final abandonando o Rio Em Sampa talvez veja o todo aonde aprumo Da sorte sem sentido o velho e imundo sumo,
Ainda sem tentar após a derrocada A vida que se vende em cada velha estrada, No pranto da menina e o verme se traçando
Olhar para o futuro? É ser um traste infando, Revolução perdida, a gente não se engana A morte numa curva a lua mais sacana...”
Eu sei querida amiga, a vida é mesmo assim, Mas sonho com um mundo e nele vejo em mim O brilho da esperança e nele cada olhar Podendo adivinhar enfim algum luar,
Meu mundo se aproxima e traz o quanto enfim Pudesse renascer e ter no meu jardim A flor que na verdade eu tento cultivar Bebendo da alegria e nisto mergulhar,
O tempo sei, não pára e nada mais se vê Somente o quanto dita a vida sem por que Escancarando o verso e nele se completa
O quanto tente crer e vejo a mais dileta Vertente onde viceja a imensidão da vida Já tanto desejada e mesmo até perdida...
Cena 2
Rogério e Ricardo
Rogério, a vida trouxe uma expressão doída E sei da minha história há tanto já perdida Diploma no meu quarto? Apenas um enfeite E sei do meu anseio e nele sem deleite,
Em Lara talvez reste enfim uma saída, O quanto se define a luta sendo urdida, Um engenheiro a mais e nada além aceite Somente este vazio enquanto em vão se deite,
E pós-graduação? Com que dinheiro amigo, A velha solução que tanto ora persigo Já não me caberia ou mesmo pude ver,
Somente a mesma inércia e nela o que viver Dez anos de formado e o tempo continua Sem ter qualquer caminho, e volto então à rua.
Vocês têm com certeza ainda a juventude E o tanto quanto resta apenas desilude Não temo o que viria e nem o que virá Apenas desenhando a vida desde já
Cenário onde lamento o quanto quero e pude E nisto se anuncia a sorte bem mais rude O sol que certamente ao fim não brilhará Manhã jamais viria e nisto o que trará
Somente expressaria o fim de um velho ciclo E mesmo quando posso e sei não me reciclo, Tentando na verdade um dia em plena paz,
Viver sem mais temor o passo mais audaz Sanando esta miséria e nisto acreditar No tempo mais feliz tomando este lugar...
“Eu sei do quanto possa a vida num instante Mudando calmamente e tudo se garante Após a tempestade e nisto se aproxima O vento que nos toca e logo assim exprima
O prazo determina o todo que adiante E sei que na verdade o mundo doravante Trará noutro momento a mansidão da estima Ou mesmo guerrilheiro o tempo muda o clima.
Marcando com fervor a sorte que nos condena E vejo a cada passo a sorte em noite amena Bastando para tanto a luta que não cessa,
Vivendo sem temer além de uma promessa O quanto se confessa em rara imensidão, Vibrando com ternura o mesmo coração.”
É bom ter tua idade. Há pouco se percebe A mansidão audaz e nela cada sebe Expressa tão somente o fim de cada passo, E quanto do meu mundo inutilmente traço
Enquanto o vento toca e sei que se recebe Do tanto que desenhe além da rude plebe O verso sem sentido e sei do meu cansaço E vejo o descaminho aonde o fim repasso.
Brigando com a sorte e nada mais teria Somente o que me resta em dor e em agonia Vestindo esta mortalha e nela o que se vendo
Encontro num tormento em dia amargo e horrendo Depois do que se deseja e nada mais se anseia Deixando no passado o sangue em plena veia.
A minha geração perdendo qualquer nexo O mundo sem sentido o resto mais perplexo A bomba que aguardei e nunca mais se ouvira Tramando sem temor a sorte em tal mentira,
O canto desairoso o mundo mais complexo A solidão da noite a imensidão do sexo Confesso e na verdade o tempo também gira Enquanto o que se quis a vida vem retira
E traça após tempestade imensa fatalidade, Bebendo outra cachaça a luta sem qualidade, Verbo dita passado e gera sem futuro,
O mundo que pudera e sei não asseguro Somente vendo o fim e nele sem sentido O quanto me restara agora dilapido.
Cena 3
Lara e Ricardo.
Querido a noite é nossa e nada me impedirá De ter contigo o quanto o tempo mostrará E sem juízo ou freio entrega sendo total Meu corpo te procurando anseio sensual,
E venha com certeza agora e desde já Delírio trama o gozo e nada salvará Vagando sem ter medo além de todo astral Mistura em plena praia em lua sonho e sal.
Apenas se adivinha o fim da solidão E bebo desta imensa e clara sensação De um sem temor caminho aonde poderia
Viver o quanto resta em clara fantasia Gestando esta esperança e nela o que se crê Expressa muito mais do quanto a gente vê...
Um sonho que termina um vento que ululando Presume o meu caminho às vezes mais nefando O tempo noutro tempo o corte se anuncia E bebo sem sentido o tanto em agonia,
Vestindo a mesma face e nisto desenhando O verso sem saber o todo desde quando A morte ronda etérea e nada mais teria Senão novo tormento em luta mais vazia,
Ainda quando o quis, Ricardo eu percebi O vento nos rondando e nele em frenesi O canto mais atroz a voz já sem cuidado,
O medo noutro enredo, o prazo anunciado, E deste meu passado o nada se traduz, Deixando para trás o quanto houvera em luz.
“Amada, bem percebo o mundo sem cuidar, E tanto quanto eu possa ainda imaginar, Já marco com terror o dia sem proveito E quando enfim concebo o sonho onde me deito,
Escondo dentro da alma o fim a mergulhar Bebendo do vazio e nada a se moldar, Aonde o quanto possa e nada mais aceito Somente o que tentara e nisto o velho leito
Exposto em vendaval e o canto se transforma Mudando a cada instante a turva e leda forma, Não passo de algum louco em busca do sentido,
Tua alma enveredando e nisto o que duvido Adentra em noite escura a solidão do verso Sangrando com ternura o todo onde eu disperso.”
‘Talvez eu represente além do que se fez Ainda sem temor ou mesmo sensatez Na clara sensação das ânsias mais vorazes E nelas o que tanto ainda queres, fazes,
Em breve noite vaga o mundo aonde crês Presumo tão somente a luta em altivez E sei da sorte quando expressa em tantas fases Os olhos mais venais em versos tão audazes
Crivando em tons sutis os dias que virão, E neles entranhando a imensa escuridão Resulto do passado e sigo sem futuro
Gerando novo fardo e quando me asseguro Do incauto companheiro, o amor em desafio, Apenas o que vejo expressa o tempo frio.’
Tanto amargor querido, a vida se promete Além do que pudera e nisto o que compete Ao sonhador expressa a rara maravilha Aonde a poesia ainda segue e trilha,
No olhar de quem anseia; um mero canivete, Jogado sobre o chão meu sonho qual confete E nisto se desenha o medo em armadilha Vencendo o sortilégio e nisto outra planilha
Expressa o que não veio e não mais se apresenta A vida não resume o tanto em voz sangrenta E lido com a morte e também sonho tanto,
O fim já não procuro a sorte hoje garanto E quando mergulhasse além do precipício Meu canto se transcende ao velho e louco vício.
Num átimo a verdade estende cada mão Aonde desejei apenas solução Nos antros mais sutis colecionando os medos E neles outros tais expressam os segredos
Da vida sem sentido e sei quanto em razão Diversa se aproxima o mundo desde então E nada do passado em dias duros, ledos, Condenam sonhador aos velhos vis degredos,
Mas vamos meu amado, a noite inteira é nossa A festa prometida a sorte agora endossa E nalgum canto ou mesmo até nalgum motel
Prefiro na verdade exposta ao claro céu, E vendo e tendo em nós a fúria juvenil, O manto da esperança há tanto nos cobriu.
“A tua primavera infecta meu verão E nada do que possa exprime a solução Somente o que talvez restasse dentro em mim Matando qualquer flor estio em meu jardim,
Na ausência da esperança imenso turbilhão E o caos se desenhando em leda dimensão, O preço a se pagar exprime quando eu vim Vestido em ilusão, agora morta enfim.
Acendo este estopim e nada mais consumo, Apenas o vazio e nele este resumo Da vida sem proveito o tempo em agonia
A luta desejada a morte dia a dia, E o canto sem resposta exposta na janela A bruma que me invade o nada hoje revela.’
‘Pudesse acreditar no quanto me disseste, Mas como se esperança; eu sinto mais agreste E o temporal que assola uma alma sem destino, O vento desabando e nele a morte a pino,
Imensidão do sonho outrora me trouxeste E nada se anuncia aquém do bem celeste À revelia sigo e nada impediria Meu tempo de sonhar e sei da noite esguia
Mortalhas do passado, o prazo onde me deste O caminhar envolto em medo em fúria e peste Jorrando dentro da alma a vasta turbulência
E nada do que veja ainda em providência Resume alguma luz ou mesmo lusco fusco E neste delirar o passo se faz brusco... ’
Entendo esta revolta e sei do quanto possa Viver esta impressão além do que se apossa Do vórtice por onde o mundo nos levara Tornando bem maior qualquer temida escara,
E quando a solidão expressa a noite nossa Já nada mais teria sequer o que ora endossa O sonho de quem tanto um dia imaginara A vida em tal caminho aonde mal vagara
Ricardo, o tempo passa e colhe cada fruto, Embora tanta vez o mundo seja bruto Vestindo hipocrisia e sendo de tal forma
Que nada do passado ainda nos informa Do dia que virá e nele outro momento Girando contra a sorte em tolo alheamento.
Tentando acreditar que tudo irá mudar Ainda uma esperança eu sinto a me tocar, Mas entendo o teu passo e nele me entranhando O canto em alegria expressa o quanto e quando
A luta me cansara e nada em seu lugar, Somente o quanto resta e tento imaginar Um dia aonde eu possa viver um mundo brando, O sonho pesa tanto e traça em contrabando
O rumo de uma história há tanto percebido E nele o delirar enfrenta o que divido Jogada pelo tempo; envolta noutra senda
O prazo determina o quanto não desvenda E nada se anuncia apenas velho cais Resposta que repete o torpe nunca mais.
‘ E assim ao prosseguir na luta sem saber Do quanto poderia e sei não vai nascer, Demoro fartamente e vendo o que constato Ousando acreditar no mundo aonde o fato
Expresse com certeza o quanto do prazer Pudesse sem defesa ainda conceber, No pranto aonde vejo o pouco e me retrato Apenas o vazio enfim busco e resgato,
Mereça algum momento em paz ou pelo menos Anseio mais diverso em dias mais amenos No todo anunciando o fim de cada jogo,
O olhar enaltecendo o quanto fora em rogo, Resumo de outro vago espaço sem descanso, E luto inutilmente e o nada enfim alcanço. ’
Cena 4
Rogério e Clara conversando numa esquina em Botafogo
Rogério, o que fazer? Apenas prosseguir... O tempo sem saber não deixa presumir Ainda uma saída envolta em tempestade E quanto mais anseio encontro na cidade
A falta de esperança e o medo a resumir O engano onde me aposso e sei, devo sumir. A gravidez confirma o fim em realidade, A fantasia morta, ausente liberdade.
Ricardo com certeza iria me matar, O pesadelo ronda e volta a torturar, Não posso mais falar e nem sequer percebe,
O mundo sem sentido, em aridez a sebe E o fim se aproximando, em louca covardia, O nada se apresenta e a sorte não viria.
Apenas recolhendo os restos de quem tanto Vivera com ternura e agora o desencanto Batendo em minha porta aguarda o que virá, Meu pai; tenho certeza, a rua mostrará,
E o preço que se paga, o velho vão quebranto, A luta recomeça e sei do quanto espanto Vagando sem destino, enquanto o que sei cá Grassando sobre o nada apenas colherá
Estúpida? Decerto. Eu fui e sei que assim Preparo sem defesa o ledo e turvo fim, Um ato onde pudera ainda ter em mente,
Aborto que corrija ou mesmo que apascente, Porém falta dinheiro e nada mais faria Senão a própria morte em trágica agonia.
Eu não peço resposta, amigo eu desabafo, O sonho que se fez agora quando abafo Encontro o meu retrato exposto pelo chão, Pisado e derrotado, o tempo ebulição.
Ainda que pudesse; um sonho calmo e safo, Olhando para a vida, espero este sarrafo E noutra bordoada, a dor vira bordão E o verso sem sentido, a mesma dimensão
Do tempo construído em volta do não ser, Loucura se aproxima e dita o desprazer, Angustiadamente o fim se aproximando,
O tempo noutro engodo, um ar atroz nefando, E o vento que pensara ainda em leve brisa Terrivelmente explode e mata e não avisa.
‘O que posso fazer? Apenas, pois te ouvir, A vida não traduz o que talvez sentir E vendo a dimensão do quanto te apavora, A luta se resume e nisto não demora,
Versando sobre o fim, amargo o teu porvir, E nada do que creia ainda possa vir, Um dia após a queda o barco desancora E segue sem sentido adentra mar afora,
Procurarei Ricardo. Ainda resta a chance E mesmo que pequena, o tanto quanto alcance Expressará quem sabe um ato consistente,
Não vejo algum problema e nisto a gente tente Melhor a divisão do que tentar sozinho, O pai pode ajudar a preparar o ninho... ’
Proíbo-te de tal anseio sem juízo O quanto se anuncia em torpe prejuízo Deveras com Ricardo eu sei se agravará E todo o duro fim já precipitará.
Apenas desta paz que tanto ora preciso, Não fale com ninguém exijo e já te aviso O todo que virá e mesmo moldará Depende só de ti e nada se fará
Sem que eu te peça amigo, e cale-se deveras Ainda que me veja exposta às tantas feras, Tocaias, botes medo e a gravidez espúria
Expondo-me decerto a um tipo de penúria Sem ter qualquer defesa apenas o vazio, E nisto o que me resta? Um ledo desafio...
Eu sei do quanto eu possa, em ácido caminho, Expulsa já de casa e na sarjeta o ninho, Assim o meu futuro, a prostituição E a gravidez expressa a dura sensação
Da morte em plena vida e nisto me adivinho Sem rumo e sem apoio, a trama feita espinho, E os dias sem porvir, os tantos que virão, Ausência de esperança e o fim em turbilhão
Só peço, fale nada, escute e não retruque Quem sabe no final a sorte em carta e truque Expresse alguma luz ao fim da caminhada,
Mas sei do que viria em dor e em sofrimento, Apenas o que trago eu sei enquanto enfrento Talvez já não consiga; a luta em derrocada...
Tampouco fale à Lara, a cobra sabe o bote E no final de tudo aos poucos me derrote Jogando com o trunfo escravizando quem Já nada em suas mãos, o sonho não contém
E bebo do veneno aonde se denote O preço a se pagar a força que se esgote, O mundo se anuncia e nisto este desdém Depois do meu vazio apenas sem ninguém,
Desculpe o desabafo, o que restara apenas Enquanto sei, no fundo, o quanto me condenas, Jamais quis tal cenário, a vida que mereço
Encontra na mortalha o tempo em adereço, E bebo da sangrenta e torpe sensação Do cálice da morte em tosca direção.
‘Podes ficar tranquila, eu não direi mais nada, Somente irei te ouvir, e nisto a anunciada Loucura se contém e traça novo rumo, Depois do que vier, apenas eu resumo,
Meu canto sem sentido, adentrando esta estrada Quem sabe no final, a sorte anunciada Mudando de caminho e nisto novo sumo Presuma alguma luz e tudo tenha em prumo
Apenas a certeza em sorte mais tranquila E o quanto se perdera agora já desfila Em noite constelada ou mesmo feita em paz,
Prometo o meu silêncio e sei e sou capaz De ter dentro de mim guardada a tua história, E peço tão somente ao fim a imensa glória.”
Cena 5
Rogério e Ricardo num bar de esquina. São 4 da tarde…
O tempo não pudesse apenas me trazer As velhas emoções que tanto pude ver Depois do quanto creio ou mesmo tentaria Vencer esta armadilha e nela em cada dia
Apenas o cenário aonde sem saber Invejo cada sol em belo amanhecer, Mas sei do meu caminho em rude fantasia Invento alguma sorte; e nada mais traria
Somente a mesma angústia enfim me derrotando, O vento noutro rumo aos poucos me levando E tento imaginar alguma sorte nova,
Amar e ser feliz? Aonde se comprova? Mineiramente eu vejo a lua sertaneja E sei do quanto tento e nada mais se veja.
Negar esta verdade e acreditar no fim Ainda sem ventura adentro vivo em mim E bêbado de sonho um dia acreditei No amor que com certeza eu nunca mais terei,
O braço de outro rio, o mar aonde eu vim Viceja nesta serra e transportando assim Salinas das Gerais imensa e longa grei, Resulto do que tanto em luz imaginei,
E nada se anuncia a não ser a montanha, E nela o que pudesse ainda traça e ganha Lanhando a realidade em vento e temporal,
O corpo abandonado, em busca sol e sal E quanto mais tentara adivinhar o rumo, Crepuscular anseio é tudo o que consumo.
Rogério eu me perdi nas ânsias mais audazes E sei dos dias vis e quanto mais mordazes Expressam tal vontade ignóbil que não vem, Preciso urgentemente ainda quero um trem
E nele se perdendo a vida em novas fases Depois do que jurasse ainda não me trazes Olhando para o fim, imenso o meu desdém, A sorte sem aporte o quanto me convém,
Encontrarei a marca alheia aos que pudesse E nada do que trago ainda dita a messe Vencida pelo caos e sem saber destino,
Aonde se desenha o fim eu mal domino O prazo em derrocada adia cada instante E andando sem saber o quanto me adiante.
‘Eu sei quanto o caminho expressa pedra e medo, E mesmo alguma luz em vão tento e concedo, Mas nada do que possa ainda se mostrar Vencendo o quanto trace a vida em tal lugar,
Ainda quando muito algum velho segredo E nele se versando o tempo amargo e ledo, O verso sem sentido e o tempo a desnudar Versão do que se fora e sem imaginar
Qualquer sombra de vida ainda persistente E nisto o quanto reste ou mesmo ainda tente Vagando em mar imenso um barco sem timão,
Transcende ao que pudesse em nova dimensão, Argúcia não traria o sonho que tivera Ainda sendo a vida amargamente fera.’
Não tente acreditar em livros, cada tomo Expressa tão somente o quanto não mais somo, Apenas na aguardente eu vejo uma verdade E bêbado de sono encontro a realidade,
Aonde se pudesse acreditar eu domo Meu prazo determina o vento quando o tomo E tramo alguma luz e quanto mais me invade O mundo se anuncia em infelicidade,
Mas nada se apresenta após a queda e então Os erros costumeiros em dias que virão, Vasculho cada bruma e sei quanto me resta
Ao penetrar a sorte amargamente em fresta A festa prometida? Encontra sem sentido O verbo conjugado nos termos de um olvido.
E não me restaria ainda qualquer chance, Um brinde ao que se viu e nisto o que se alcance Presumirá decerto o fim sem mais guarida Deixando abandonada a sorte dividida,
E quantas vezes vira além de algum romance Um passo onde talvez a vida agora lance E marque sem saber a velha despedida, Negociando o fim e nisto repartida
Repatriada luta ensimesmado encanto E sem que se presuma a sorte em cada canto Vestindo a mesma farsa aonde se fez lodo
Não posso acreditar e finjo ser o todo O engodo preparado em artimanha e queda E sei que na verdade a vida em vão me enreda.
A idade vai chegando e nada consegui, Somente este diploma inútil, eis aqui O que resulta mesmo em luta sem proveito E quando solitário enfim sonho e me deito,
Procuro alguma luz, um fútil frenesi Tramando desde quando o rumo ora perdi, Amar e ter família e nisto o que ora aceito Ao tentar novo passo em rumo ao meu direito
E ver se possa além sentir a primavera Que tanto quanto ilude engana e desespera No vicejar da flor e nisto outro tormento,
Acreditar na luz, eu sei e mesmo tento, Mas quando o fim já ronda e nada se fizesse Não resta ao andarilho a sorte, o sonho, a prece.
‘Talvez a vida trace alguma novidade, Ou mesmo modifique o tom desta verdade Quem sabe uma surpresa, a vida se renova, E vejo no futuro a sorte à toda prova,
O canto que se trama além de uma saudade Vicejará com força em plena realidade E aquilo que julgara ainda ser a cova Num canto mais feliz a luz sempre comprova.
Dos ermos de uma fossa o brilho do amanhã A vida sem sentido, a luta que malsã Expressará no fim o que inda se adivinha
E toda esta tristeza apenas mais daninha Ao renovar a luz expresse tal ventura Deixando para trás a noite sempre escura...’
Repare cada estrela e veja meu amigo Jamais irá poder saber eis o que digo Do que acontecera agora neste instante O tempo se anuncia e sinto mais distante
Do quanto desejei e mesmo se persigo Nesta inconstância sinto o vago desabrigo E nada do que possa ou mesmo me adiante Verá com tal certeza o que inda se agigante
Sortida imagem vês ali no firmamento E nada que aconteça agora em tal momento Reproduzindo ali com tal fidelidade
Assim o que verás não diz realidade Apenas mera sombra ou mesmo algum retrato Há tanto distorcido em velho e morto fato.
Também a minha vida assim já se avizinha, Quem tanto eu desejei jamais pôde ser minha, A luta inutilmente expressa o fim de tudo, E quanto mais pudesse, apenas eu me iludo,
E a senda procurada a mais rude e daninha, A noite se anuncia e sei quanto é mesquinha O coração se faz e morre atroz e mudo, E não pudesse crer e mesmo se me ajudo
Enfrentarei decerto o pouco que inda trago, Vivendo a cada instante a dor de ledo estrago Divago sobre o nada e vejo sem proveito,
A morte atocaiando e sei que deste jeito Jamais eu poderia acreditar na paz, O verso sem sentido, a noite já me traz.
Não tive melhor sorte e nada mais se visse Somente o repetir enfim de tal mesmice Sem rumo e sem vontade, a vida não presume Além do caminhar em volta ao vão ardume,
Cardume de esperança, aos poucos não previsse O amor sempre se mostra em rústica tolice E vejo tão distante o olhar que busca o cume, Ainda que em verdade o vago não aprume
O passo de quem tenta acreditar na luz, Ao nada simplesmente a vida me conduz E arisco sonhador, o que pudera ainda
A morte sem razão aos poucos se deslinda, E deixarei vazio o nome que se vai, Ainda se pudesse ao fim ser tio ou pai...
‘Pois bem, querido amigo, a vida tem respostas E quanto mais audaz as sortes sendo expostas Traduzem novo passo em direção ao tanto, E sei que na verdade ainda por encanto
Preciso retirar o peso destas costas Fico feliz então por saber quanto gostas Da idéia que se vendo expressa em novo canto O quanto te faz bem e sei e te garanto,
Irás ser pai, amigo, e sei da gravidez Que tanto se escondera em louca timidez E nisto o quanto possa acreditar no fim,
A flor que irá nascer em teu belo jardim, Aos poucos se anuncia e logo se declara Frutificando o amor enfim dentro de CLARA’
RICARDO OLHA ASSUSTADO E TENTA DISFARÇAR O SUSTO
FIM DO PRIMEIRO ATO.
SEGUNDO ATO
Cena 1
Ricardo sozinho em uma mesa de bar, em solilóquio.
E só me faltava esta. A vadia me paga, Depois de tudo certo a porra vem e estraga Melhor fingir que nada eu sei, mas vejo Após qualquer momento o fim tão malfazejo,
Ainda quando à toa o pensamento vaga, Rondando a minha vida esta terrível praga Já não me basta estar do jeito que prevejo Sem ter eira nem beira, em podre e vão ensejo,
Melhor corta o mal decerto na raiz, Fazer o que é preciso, e tentar ser feliz, E Lara se souber estou ferrado, pois
A vida não terá qualquer brilho depois A vagabunda disse estar já prevenida E vem agora assim ferrando a minha vida.
Mas tudo tem seu jeito e nada se escondendo, Apenas este fato e sei que tem remendo, Um bacurinho agora é fim de qualquer plano, E assim sem ter futuro é certo que eu me dano.
Está no comecinho e aborto já se vendo Resolve qualquer erro, ainda mesmo horrendo, No peso que se traça a sorte em desengano, Vencer o quanto resta ou entrar pelo cano?
Não tenho na verdade outro caminho e sinto Que é melhor dar um fim; pois um vulcão extinto Não faz estardalhaço e nem gera problema,
Também rompendo logo a força desta algema Podendo respirar com mais tranquilidade, O resto no final, demonstra a liberdade.
Vou procurar a quenga e conversar direto, Não tenho e nem prometo ao menos um afeto, Se a merda não topar, aí eu dou meu jeito, Do quanto se anuncia apenas é direito
Viver tranquilamente e nisto me completo, Se não topar que dane e mato logo inseto, Apenas na verdade o que jamais aceito É qualquer empecilho e nisto meto o peito,
Drenando logo a porra eu sigo em liberdade, Depois é só buscar a tal felicidade, No quanto que me cabe eu sigo o meu caminho,
E nisto sem temor eu logo me avizinho Do dinheiro de Lara e vivo sem temor, Aí sossego o facho e encontro o “ grande amor”. ( sorri com ironia)
Cena 2
Ricardo e Lara no mesmo bar à noite.
Amada, a vida traz um toque mais sutil, O vento anunciando o quanto dividiu Em potes desiguais, a luta não termina E sei que no final a gente mal domina
Vontade de sonhar e ser bem mais gentil, Quisera estar contigo e nisto o que se viu Expressa esta certeza e tanto cristalina O amor que nos transforma expressa a nossa sina.
Depois de tanto tempo, amando e sendo amado, Eu acho que é preciso um fato tão sonhado, Cansado já estou e não quero ficar
Sozinho te encontrando à noite neste bar, Eu sei que na verdade eu nada poderia, Mas quando o amor explode, encontro esta harmonia
E mesmo que talvez precise algum emprego Diverso do que busco, ao menos com sossego, Eu tente desde sempre um caminho contigo, A solidão feroz condena ao desabrigo,
E quanto mais se quer maior se vendo o apego Também em tal surpresa amada já fui pego E sei que na verdade a vida onde prossigo Expressa em solidão, talvez grande perigo;
Tua família está em Minas, como a minha, Também eu sei o quanto amada está sozinha E nestas solidões quem sabe nos unindo,
Um tempo mais suave e chego crer mais lindo, Pudesse transformar o rumo de nós dois, E como irei fazer? Se vê logo depois.
Juntar cada vontade e ter ao fim de tudo Bem mais do que sonhara e sei que não me iludo A sorte só se dá pra quem tanto se deu E o mundo como está será tão teu e meu
Meu canto no teu canto em tom audaz e agudo, Deveras tanto traz além do que transmudo Vivendo sem temor o quanto amor venceu O medo de seguir que há tanto se perdeu.
Jorrando em cada lavra a nossa garantia Do quanto ser feliz deveras poderia Cevando sem temor o quanto se apresenta,
Ainda que se enfrente ao fim qualquer tormenta A luta não mais cessa e sei que é sempre assim, Transborda a inundação do amor dentro de mim.
‘Querido há quanto tempo eu precisava disto Razão para sonhar e sei que tanto insisto No amor que sem limite adentra firmemente Vagando a cada instante e nisto plenamente
Lutando sem temor e quanto mais resisto Jamais conseguiria acreditar que existo Não fosse esta certeza e nela o que se sente Vencendo qualquer dor ainda quando enfrente
Sentir tal alegria e ser sempre contigo Vivendo o que trará no fim o claro abrigo Restando sem temor o coração em flama
E quando a gente quer e nada mais se exclama Senão a voz sutil e firme de quem tenta Saber quanto é possível vencer cada tormenta.”
“Durante muito tempo ainda imaginara A solidão sem par tomando tal seara Vagando em noite fria ao espera alguém E quantas vezes; vejo e sei que nada tem,
Somente a mesma noite ainda se prepara E a voz que sem resposta espera a noite clara, Angustiadamente o medo não convém E sei quanto se expressa a vida em tal desdém,
Não temas o futuro estarei sempre aqui, O mundo traz em rota o quanto preveni E bebamos do mundo um tanto sem limites,
No sonho que se aposta, amado ora acredites, Viceja dentro da alma a lua sem segredos E trace este futuro e esqueça vagos medos.”
Que bom poder contar agora, enfim contigo O quanto mais temia, apenas desabrigo Já não mais me assustando, estou e serei teu O mundo mansamente em ti já se perdeu,
O caminhar decerto enfrenta algum perigo E mesmo quando tema ao fim sempre consigo Vencer a tempestade e o quanto fosse meu Impressiona quem há tanto concebeu
Já nada mais se visse ainda que tentasse Singrar este oceano e sei do quanto impasse Impede ao navegante o cais tão desejado,
O prazo determina o fim elaborado E o vento sopra a vela e leva para além O manto feito em sol, deveras cedo vem.
Jamais imaginei tanta felicidade E o canto se anuncia e traz a liberdade Depois do que pensara ausente dos meus dedos Agora se presume a vida em tais enredos,
No tanto quanto possa e mesmo o que me invade Encontro finalmente assim a claridade, E bebo de tal luz e nela sonhos ledos Encerram todo o caos e tramo meus enredos
Aventureiro sonho em plena madrugada Ousando imaginar a manhã desejada Apresentando ao sol o imenso turbilhão
Do amor que se mostrara e vivo sem senão, Restauro com tal brilho a estrada imaginária E nela cada voz se mostra necessária...
Corramos pela vida e vamos preparar Estrada para o sol e nela demonstrar A força sem igual de uma paixão imensa Sem nada que atrapalhe o quanto esta alma pensa,
Ainda que se perca ao longe algum luar, A luta se anuncia e posso desenhar Em tanta fantasia, o canto em voz intensa Deixando para trás a vida amarga e tensa
Vencendo o descaminho e crendo ser possível O mundo que ora anseio e sei do quanto é crível Um dia bem melhor envolto em raro brilho,
E quando para além dos sonhos teimo e trilho, Vestindo esta esperança em raio iridescente O amor que tanto quero a vida agora sente...
“ Vou avisar querido a todos num momento E sei do quanto possa e nisto me alimento Vivendo em plenitude amor que tanto quis Sabendo e desenhando um mundo mais feliz,
Rumando para além e sei quanto em alento A vida redimindo imenso sofrimento De quem outrora fora apenas aprendiz E jorra com ternura imenso chafariz,
Não pude acreditar em nova caminhada Depois de tanto sonho, a noite enluarada Das Minas já sem mar, mergulho no passado
E bebo cada gota em tom extasiado, Singrando este oceano imenso em raro amor, E vejo em teu olhar o brilho redentor.”
Cena 3
LARA E CLARA CONVERSANDO NA ESQUINA DURANTE A MANHÃ DO DIA SEGUINTE
Pois Clara, minha amiga, eu vou te anunciar O quanto estou feliz e posso enfim contar Marcamos para o fim do mês que vem, querida O que transformará decerto a minha vida,
Depois de tanto tempo, apenas a sonhar Ricardo decidiu, e iremos, pois casar, A sorte quanto a quis e vejo decidida Mudando a direção em sina a ser cumprida,
Não posso me conter, o brilho se expandindo Neste horizonte claro, e sei o quanto é lindo Serás minha madrinha, eu quero ter certeza
Fartura em sonho imenso expondo sobre a mesa O tanto quanto a luta eu sei não fora vã E sinto esta emoção rompendo esta manhã.
Já não mais conseguia apenas num desenho Falar do raro ardor e tudo quanto tenho Expressa com firmeza um dia em plenitude Amar e ser feliz, é tudo o que mais pude
No sonho em precisão, agora quando embrenho Tramando a solução e sei porquanto eu venho E nada mais permita ainda quando eu mude Vestindo a fantasia outrora triste e rude,
Amiga venha logo abrace sem demora Felicidade imensa a vida comemora E bebe sem temor a doce maravilha
E nela o que se vê ainda toma e trilha Após o amanhecer e novo dia feito, O mundo se anuncia em claro e nobre pleito.
Ainda sem saber o como irei fazer Apenas eu farei e nada irá conter O quanto se deseja e tanto se procura Vencer a minha dor e sem qualquer tortura,
O sol que na verdade eu sinto a renascer Tomando o coração e nele posso ver Após a minha vida amarga e sempre escura Das dores tão somente agora a imensa cura,
Reparo cada estrela e vejo noutro rumo O prazo determina o quanto ora resumo E tento cada lume e nada negaria
O sonho mais sublime e dele esta alegria Reinando sem temor a cada instante ou mais, Vencendo o quanto venha em vastos vendavais.
Clara, meio assustada ainda responde
“Querida, boa sorte é tudo o que desejo, E sei quanto é feliz um sonho benfazejo O tanto quanto a vida expressará com sorte O todo que decerto ainda nos comporte,
E vendo este cenário em luz em azulejo Eu bebo cada gole e nisto o quanto almejo Supera qualquer dor ou mesmo o fino corte, E sei em teu olhar a vida em raro norte,
Galgando o teu futuro eu vejo e sei deveras Enquanto a solidão expresse em ledas feras A noite sem proveito e sem este horizonte
Aonde cada estrela em luz sublime aponte, Estou feliz por ti e não negando o fato, Viver esta alegria um sonho que resgato.’
‘Pudesse estar contigo e também te contar Do quanto a minha vida ainda irá mudar, Mas nada do que fale agora mais importa, O vento que tocara intensamente a porta
Já não conseguiria ao todo me levar Tampouco eu poderia em raro caminhar Vencer o quanto tenho e nada mais aporta Somente uma ilusão agora quase morta,
Mas deixa esta tristeza e vamos para a festa Tua felicidade é tudo o quanto resta E vejo em teu olhar imenso e raro brilho,
E quanto mais te vejo enfim me maravilho, Ao menos sei que estás irradiante em luz, Enquanto mansamente eu levo a minha cruz...’
A gente necessita às vezes de uma queda E noutro passo segue e quando se envereda Ousando num momento em tom suave e claro Ditando o quanto eu penso, amiga e ora declaro
Falando do sentido aonde a vida seda E bebe sem temor o prazo quando veda O canto em harmonia e nisto sei tão caro O peso do passado e quando eu escancaro
Resumo deste nada aonde se fez tudo, O marco se transforma e quando desiludo, Mergulho neste engodo e resto sem ninguém,
Mas quando desespera a noite chega e vem, Tramando o quanto possa em nobre amanhecer, Mudando o que pensara há tanto se perder.
Negar alguma luz e não acreditar No quanto poderia ainda imaginar, Depois da tempestade uma bonança imensa E nela o coração encontra a recompensa,
Vencido caminheiro aonde algum lugar Expressa o verdadeiro sentido em bem amar A vida que se quer e tanto ora se pensa Negando o quanto veio ou mesmo já compensa
Restaura a velha estrada e bebe em farta luz O quanto deste sonho agora nos conduz E gera sem saber o tanto quanto pude
Vestir a sorte em rara imensa juventude, Não possa a mocidade em tom soberbo quando Castelo da ilusão; percebo desabando.
‘Só sei que estou feliz e nada impediria O brilho em teu olhar, e nisto o novo dia Expressará tal sorte enquanto uma certeza Expõe tal iguaria agora sobre a mesa.
Compartilhar a luz e nela a fantasia Vencer com mais audácia o medo em utopia Encontra muito além do quanto foi surpresa Resulto deste tanto e nisto a correnteza
Levasse para além o quanto inda possuo O coração atento ainda quer ser duo, Um dia encontrarei quem tanto me quisesse,
E nada do que venha ainda dita a messe Sobeja caminhada em meio aos espinheiros, Jamais impediria a flor em meus canteiros...’
Cena 4
Clara e Ricardo no costumeiro bar.
“Estou preocupada; amigo com a urgência Com a qual me chamaste, e vi que impaciência Traçara cada ponto em teu telefonema Não sei nem imagino o quanto ora se tema
E nisto me perdoe ainda impertinência Só sei do quanto possa a minha consciência Falar do quanto vale e nada mais me algema Não resta um só momento envolto num problema,
Eu sei que irás casar e Lara então me disse, Pois te parabenizo e sei do quanto visse A sorte em magnitude além do que pensara
Vibrando com ternura em toda e bem mais clara Vontade que anuncia esta felicidade E nela o teu caminho em rumo à liberdade.”
Não venha em ironia estúpida mulher Eu sei do quanto tenho e sei o que se quer A luta se anuncia em pleno temporal Apenas desenhando o velho ritual
Aonde o teu caminho agora sem sequer Tentar nova esperança e seja o que vier Vestindo hipocrisia, até que não faz mal, Porém saiba não sou apenas um boçal,
Depois de tanto tempo em face de santinha Agora se percebe em ti esta galinha Usando o comprimido? Ó vaca vagabunda
E quanto mais se mente a vida em ti se afunda O quanto se queria em tal mentira, diga No fundo o que não quero é me meter em briga.
“Não sei do que se trata, e nem me importaria, Apenas quero paz e sei que hipocrisia Não traz qualquer alento ou mesmo uma verdade Ainda quando a gente expressa com maldade
Já não mais com certeza o fim comportaria E nisto o que se veja expressa noutro dia A luta sem valia ou mesmo o que se invade Tocando com furor real deslealdade,
Não tenho o que falar e nada mais tu dizes Apenas posso crer que sejamos felizes Vivendo de tal forma aonde se permite
Saber de cada qual aonde é seu limite, O tanto que se vendo apenas se transforma Deixando sem sentido algum a velha forma”
“Já não me caberia enfim te responder Sequer o que inda tente ou mesmo possa ver O mundo aonde eu vivo é meu e nada mais, Apenas quero ter além dos vendavais
A paz que na verdade eu quis reconhecer E nunca mais gerasse em todo conceber Da vida em tal cenário em atos desiguais Vencida pelo engodo e nele sem jamais
Perder a direção por onde caminhasse A luta se anuncia e neste novo impasse Presumo o quanto cabe e nada se transtorna
A vida que prossegue assim suave e morna Não cabe noutro tom e nem mais se percebe Ainda que se veja a renovada sebe.”
Então não é verdade? É tudo uma mentira? E esta barriga imensa? Olhando assim se mira E vejo quanto vale a tua safadeza Ainda quer fazer a besta aqui de presa?
Não tente me enganar, vá logo e já retira A porra do moleque antes que a sorte gira E mude a direção e nisto a correnteza Te levará daqui e sem qualquer surpresa.
Conheço um aborteiro e sei que é bem barato Empresto algum dinheiro depois vou e resgato, Não tendo mais problema, assim tá resolvido,
Assim o meu dever tá mais do que cumprido, Ninguém irá saber e a vida continua, Senão estás fodida, apenas resta a rua.
Eu sei que tua mãe já não suportaria Saber da gravidez, e nisto a fantasia Iria pelo ralo, e tua faculdade? Já não te basta então perder a dignidade?
Putinha banca a santa, o que adiantaria? Aproveita o que falo é minha a cortesia, Senão pode saber o quanto na verdade A vida mostra a cara em pura crueldade,
Tu pensas que me engana, a boa menininha, Vaquinha de presépio a puta safadinha, Gozando pra caralho e agora vem dizer
Que é tudo uma mentira? Eu vou pagar pra ver; Deixa mamãe saber por onde tu andaste, Vai logo e vê se some agora, velho traste.
“Insisto no que falo é tudo uma lorota A vida não traduz o quanto além se embota, Sem gravidez nenhuma, isto é problema meu, O quanto em minha vida agora aconteceu,
Não tendo nada a haver com tua podre rota Escroto vagabundo, ultrapassou a cota E o tanto que me resta ou mesmo se perdeu, Se eu dei ou se não dei, o quanto se fudeu
Só sei que na verdade um brocha como tu Já deve estar cansado e vai tomar no cu! Agora deixa em paz e vai seguir seu mundo,
Já não suporto mais tu és um vagabundo, A tua mãe vadia, eu sei da tua vida, Seu filho de cadela, eu topo esta partida!’
Ricardo se levanta extremamente irado e fala alto. Enrubescido.
Prepara então teu jogo, o meu já começou, Aborto nem pensar? Agora se ferrou. Depois irá chorar na cama lugar quente O tanto que se quer é quanto se apresente,
O risco é todo teu, o quanto me sobrou Apenas na verdade o fim se desenhou. Em xeque mate vejo e nisto inconsequente Não vês o quanto resta e sabe impertinente,
A luta em desafio explode em cada lance, E nisto com certeza o quanto ora te alcance Permite que se creia enfim neste momento,
Sem rumo e sem destino, em pleno e rude vento, Aguarde que teu tempo eu sei não vale nada A sorte sobre a mesa, agora está lançada.
Clara se levanta e sai intempestivamente
Ricardo sentado sozinho na mesa pensa alto.
Com vara curta agora ao cutucar a fera O lance se prepara e quando não se espera A sorte muda logo e o jogo traz surpresa Quem tanto poderia agora ser a presa,
Depois de certo tempo expressa noutra esfera E transformando tudo, enquanto destempera Prepara na verdade a luta e a correnteza Mudando num momento explode sem defesa.
É fácil conseguir, apenas dar o bote E no final de tudo apenas se derrote Quem sabe tanto espera e salta no final,
Assim se preparando o pulo magistral, Cadenciando o passo, e fingindo não ver, Os cacos desta vaca enfim vou recolher.
Mas tem que ser depressa a merda da barriga Crescendo no final transforma em tanta intriga Ainda se esta besta expulsa então de casa É como colocar incêndio numa brasa,
E assim antes que o jogo, enfim sempre periga Uma armadilha a mais, ainda mesmo antiga Impede que desabe e tudo não atrasa, Antes que este demônio ao criar então asa
Escape desta mira e siga livremente O quanto se deseja e logo se apresente Precisa ser urgente e nada se discuta,
Assim ao terminar a história desta puta Eu possa respirar em paz e liberdade, Mudando todo o jogo arrebentando a grade.
Cena 5
Passa um mês desde a cena anterior, o cenário é totalmente diferente, os preparativos para o casamento estão a todo vapor e Lara conversa com Clara animadamente.
Querida; faltam dois dias apenas para O momento feliz aonde se escancara A sorte desejada e mais audaciosa De quem tanto queria e sei da majestosa
Vontade sem limite e quando se prepara A festa no meu peito agora se estampara Vivendo a perfeição suprema de uma rosa, Gerada num jardim em noite fabulosa.
Ricardo – reparaste?- está tão delicado Um homem bem diverso e sei quanto educado, Depois do nervosismo agora o inda vejo
Explica muito além de algum mero desejo, Há tanto procurei e enfim percebo agora Gentil e companheiro e nisto o amor aflora.
Durante algum instante, eu devo confessar, Até tivera medo apenas de buscar Alguma explicação num ato que pensasse Ser tão precipitado e vendo a nova face,
Eu passo a ter certeza e nisto a se mostrar Que dei correto passo ainda a navegar Em sonho tão suave aonde se moldasse A sorte em privilégio e sinto sem impasse.
Mamãe quando soubera um susto tão imenso, E agora quando a vejo e nisto me compenso Feliz e sem temor apenas por inteiro Sonhando em ajudar o genro que engenheiro
Pudesse ter decerto algum momento intenso Em amplidão enorme e sempre quando penso Expressa a dimensão de um raro companheiro Vencendo a tempestade e sei que é verdadeiro
O sentimento claro aonde nos unisse E quando tanto amor vencendo uma tolice Explode dentro em nós vestindo esta emoção
Mudando com certeza o rumo e a direção Angústias do passado? Apenas caricatas E minha amiga eu vejo assim também constatas.
Estou feliz por tê-la aqui na minha festa E sei que convencê-la ainda quando empresta À sorte esta ventura em tua gravidez Pudesse imaginar o bem que isto me fez.
Aproveitando então, eu sei que se detesta A pergunta indiscreta, ainda quando resta O quanto na verdade eu vejo não me crês, E sei que tua mãe na estúpida altivez
Ainda não aceita e mesmo te apedreja, Porém ao fim de tudo eu vejo-a benfazeja Vencendo o preconceito e tendo este sorriso
E após o nascimento a vida em Paraíso Sorriso de criança invade o coração E traz tenha a certeza ao fim pleno perdão.
‘Espero estejas certa, a vida não permite O quanto se deseja além de algum palpite, Ricardo na verdade está em gentileza Assim como se fosse a mais clara surpresa,
E quando se deseja ou mesmo necessite O pai desta criança ainda que eu evite Falar sobre este assunto, e nisto a correnteza Levando muito além e sendo mera presa,
Espero que me entenda, o mundo é desolado, Ainda quando o mesmo há muito está casado. Criando ela sozinha e nada impediria
Viver amor intenso em toda esta alegria Que a vida nos transforma e traz uma resposta Verdade com certeza aos poucos segue exposta.’
‘Um dia estou tão certa eu também te verei Com toda a fantasia e nisto encontrarei O olhar que trago agora, em paz e extasiada, A vida segue o rumo e vence a dura estrada
E nisto perpetua esta sagrada lei Crescer, multiplicar, o quanto eu esperei, E sigo sem perder a sorte desejada Ainda quando veja a noite desolada,
O dia se anuncia em plena maravilha E o coração materno assim além já trilha E bebe do futuro esquecendo o passado,
O canto que virá trará novo recado De um tempo onde jamais eu poderei viver, Porém que já me dá gigantesco prazer.’
O tempo diz da vida e sei o quanto possa A sorte na verdade, amiga é sempre nossa, Ser pai? É muito bom, mas tenho esta certeza Maternidade traz além de uma surpresa
A rara maravilha aonde a luz se endossa Vibrando com ternura o tanto quanto apossa Do coração e gera o brilho em tal beleza Vivendo cada instante e nele a correnteza
Levando para além a força em plenitude Ainda quando o tempo em tudo nos transmude, O corpo modifique, uma alma se transforma,
E bebo do prazer enquanto sigo a norma Que possa me moldar da forma mais suave E sei quanto no fim supere algum entrave.
Ricardo também vejo assim extasiado Pensando no futuro e sonhando acordado, Um dia mais feliz ainda se aproxima E vejo o quanto possa em claro e belo clima
Tramar outro momento há tanto desejado Vivendo a sensação de um tempo abençoado, Enquanto o dia a dia decerto em rara estima Trouxesse muito além do quanto a vida prima
Por ser extasiante e ter diversamente O tanto que desejo e sei já se apresente No passo com firmeza e nele outro cenário,
Gerando no futuro o nobre itinerário Moldado na esperança e nela com tal brilho O quanto se deseja e sei amor palmilho.
Um dia anunciando a sorte mais feliz Depois de imaginar um mundo triste e gris Detalha cada passo aonde amor impera Apascentando em brilho a vida amarga e fera
E nada do que venha, eu sei já contradiz O tanto quanto teimo além de um aprendiz Viver etereamente a rara primavera Maternidade dita a vida noutra esfera,
Certeza de um alento e nisto o que se vê Traduz o dia a dia e nele este por que Sinceramente amiga, eu quero estar contigo
Quando nascer decerto e sei que em claro abrigo O mundo irá tramar um dia sem igual Gerando deste amor um nobre ritual.
‘Eu agradeço assim tanta preocupação E sei que posso mesmo em ti a provisão E nela esta certeza enquanto sou feliz, Vencendo o quanto a vida envolve e contradiz,
Desejo tanta luz, falo de coração Casal de amigos traz imensa sensação Do tanto que procuro e tento por um triz, Mas vejo em teu olhar o mais claro matiz
Brilhando como nunca eu vira algum na vida E sei do quanto; amiga, és sempre tão querida E desejo que tudo em paz se realize
Um mundo tão suave e sem qualquer deslize Supera qualquer medo e mesmo tempestade, No teu olhar eu vejo, enfim felicidade.’
Agora é necessário, enfim me despedir Vou descansar um pouco o todo que há de vir Num dia especial trazendo em alegria O todo que pudesse e mesmo mais queria,
Ainda há tanta coisa e sei que no gerir O mundo se anuncia em bendito elixir Marcando o quanto possa em luz no dia a dia, Vencendo algum temor e nesta fantasia,
A sorte sem limite é tudo o que desejo, Caminho abençoado em rumo benfazejo, Clara minha amiga, a vida nos trará
Decerto esta criança e quanto brilhará No olhar de uma esperança a rara imensidão Da luz que ora se emana em nosso coração.
Cena 6
O casamento. Enquanto se desenrola a festa fora do cenário, num banco estão sentados Clara e Rogério.
Eu torço, com certeza e sei que eles serão Felizes meu amigo, a vida é solução E embora parecesse até certa loucura O todo que se mostra ainda se afigura
Em plena maravilha e sei da dimensão Na qual cada momento exige a dimensão Da sorte mais audaz, e nada mais tortura Que a dura solidão e gera uma amargura,
Não pude ser madrinha, aí seria além Do quanto poderia e mesmo me convém, Mas tudo acaba bem e sinto ser feliz,
O filho que carrego, o tempo não desdiz A magnitude plena aonde a sorte mude E mesmo quando o mundo expresse um passo rude.
Encontrando o caminho após o terremoto, O quanto parecia outrora tão remoto Agora se anuncia em mansidão e vejo No borbulhar da vida o brilho do desejo,
E sei que na verdade o quanto além me boto Viceja dentro da alma o jardim onde broto E nasço com o filho enquanto ora dardejo A paz que tanto quis e sei no quanto almejo,
Vencendo nova etapa em rumo ao que se fez Ainda que pareça imensa insensatez, O pai desta criança? Enfim ninguém verá,
Apenas o que sinto e sei e desde já Mexendo dentro em mim a vida em plenitude No refazer do sonho e nele amor transmude.
‘Fico feliz querida e sei que também és Vencendo o teu temor e novas as marés Presumem o futuro em plena claridade, E o brado que se escuta expressa esta verdade,
O mundo se presume e sei que de viés Contra os medos vis apenas tantas fés, E o prazo não permite apenas validade, O sonho em luz intensa agora sei que invade
E gerará em ti além deste cenário, Um mundo mais tranquilo em manso itinerário, Ainda que decerto a luta vá sem pressa
O tanto quanto possa aos poucos recomeça Vencendo os temporais e tendo na bonança O brilho mais audaz, intenso da esperança.’
É sempre assim amigo, o fim nos tranqüiliza E sei do quanto possa em mansidão tal brisa Gestando dentro em pouco a vida sem temor Produto independente? Apenas de um amor
E quanto aos velhos pais, um neto suaviza A mão que se presume ao ser bem mais precisa Explode com ternura e traz tal esplendor Marcando com blandícia; imenso dom: louvor
Supero após a queda o medo que viria E tento acreditar na sorte em alegria E mesmo quando é rude a nossa caminhada
A luz ao dominar inteira a velha estrada Tramando algum caminho e nele novo rumo, O sonho em plena sorte agora em paz consumo.
Durante certo tempo as mágoas dentro em mim Tomaram dimensão maior e sei que enfim O tanto quanto quis e nada mais tivera Apenas alimenta a imensidão da fera,
O canto em harmonia, o verso já sem fim, O todo transmudando aos poucos sempre assim Marcando o que se vê ainda noutra esfera E bebo no final a minha primavera,
Floresce com brandura a rara maravilha E nisto o quanto pude além do que se trilha Tramar em libertário o mundo que busquei,
Ousando na esperança e nela a velha lei Que dita com firmeza o passo em harmonia Mesmo que ora divirja ao fim se verteria.
‘Eu sei e não se vendo outro momento após Ainda se escutando a mansa e doce voz De quem se fez amada e sempre que se anseia Adentra com firmeza a mansidão e ateia
Um dia derramando além do fogo atroz E nisto se presume a vida sem algoz, O canto penetrando ousando em cada veia Sem nada a se mostrar aonde já receia
O fim e na verdade apresenta o futuro, E quando mergulhara em paz eu asseguro Somente este cenário e nele vejo a luz
Enquanto o teu caminho ao tanto te conduz, Presumo o que virá e sou feliz por isso, Depois da dor imensa; intenso e nobre viço.’
Amigo eu vou embora, a noite penetrando A madrugada traz cansaço desde quando O peso que carrego embora mais feliz, Expressa o quanto possa e nisto o que se diz
Vencesse esta vontade e nisto desejando, Eu peço comunique o mundo bem mais brando A quem tanto se quer, e sei o quanto quis Um casamento lindo, e neste bom matiz,
Eu vejo anunciada a sorte em cada olhar, E seja eternamente à luz de tal luar O encanto que domine a vida de quem ama,
Trazendo sempre acesa a imensa e nobre chama Vivendo esta ventura e nela com certeza A vida se desenha ausente de surpresa...
‘Boa noite querida, e seja sempre assim, O mundo iluminando em paz este jardim, O tempo não permite apenas a vontade, Exige com firmeza a rara liberdade,
E bebo da alegria e sorvo até o fim, O tanto quanto quero agora trago em mim, E sei da imensidão enquanto a vida invade E traça com firmeza a luz em qualidade,
Depois é preparar e ver esta criança E nela se ansiando o bem de uma esperança Vicejando o caminho em paz e plenitude,
E que este mundo triste enfim já se transmude, E a paz seja conosco e nada nos impeça De ter no coração, a vida sem ter pressa.”
Clara se levanta e segue seu caminho.
Cena 6/7
No caminho de casa, Clara é surpreendida por um homem armado que a aborda.
Cadela se prepare, o fim já se aproxima, Ricardo manda a ti, qual prova de uma estima, Um presentinho e sei que não esperarias E nisto saiba bem da festa em iguarias
Diversas quando tanto ousando noutro clima O mundo na verdade eu sei quanto se prima E tu já não verás sequer os novos dias, Somente este balaço e bem que merecias.
Calar a tua boca? O jogo já termina, A bala faz sucesso e quando determina Apenas um pipoco estraga a sua festa,
E pode ter certeza é bem na tua testa, - nisto dispara contra a cabeça de Clara – Até que esta piranha é bem jeitosa, mas, Agora vagabunda a vida segue em paz.
Nisto o dia amanhece e um casal passa e encontra o corpo jogado num canto. Ele se aproxima e vendo-a fala com a mulher.
Querida, venha cá eis o que vejo aqui, Coitada tão novinha e grávida, eu vi O corpo ali jogado em pleno matagal, Em sangue ora ensopado, e na testa um sinal.
É bala com certeza repare, eu percebi E não faz muito tempo, assim eu presumi... Um tiro na cabeça, um crime passional? Assalto? Pouco importa, hoje isso é tão normal.
(segura nos seu pulso)
Uns vinte anos, talvez, e vinha de uma festa, Apenas um balaço e bem dado na testa. O mundo não tem jeito está de tal maneira...
Não pode vacilar, nem mesmo dar bandeira... Mas liga pra ambulância, e corra já querida, Ainda que bem pouco; ainda pulsa a vida...
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