
Satã
Data 18/09/2007 19:14:45 | Tópico: Poemas -> Sombrios
| Satã
Ei-lo, obumbra a sânie lisa, Míngua de soluços dolorosos, Corno dos exórdios chorosos Soluços pitorescos que giza.
Contemplativas, ó sacrílego, Formidolosas contemplativas, Idéias, compêndios, inativas Castas, extremoso coligo...
Conglobadas noções pitorescas, Ah Funesto pancalismo imundo, Débil, ó sentimento inundo D'áurea elegíaca funambulesca.
Ó formas, figuradas felozes Que fanam, fulgurando fiéis Formas fúlgidas, felosas féis Formas flamejantes, ferozes.
Indefiníveis flébeis de rasa, Choro, lamúrias indefiníveis, Augusto da insânia, eiveis A'çucena ao mefítico que vaza.
Ah! Horrorosa, esquisita, feia, Magnífica, avultada, linda, Tantas formas, formas qu'inda Pálpebras duvidam sobre teia¹.
Palavras que abismam medonho, Fracas, fortes, sorumbáticas, Teogonias imagináveis, áticas, Escuros, leis, parvo tardonho.
Caveiras, defuntos, fantasmas, Sarau imprescritível de beleza, Lésbia lamentosa, delicadeza De lamentos lesbianos, asnas.
Préstito solene d'um ressupino, Defeitos, belos e feios defeitos Criados, vis, molemente feitos Da ingenuidade, cantos de hino.
Cantante da crença reclinada, Ululadas por padres idiotas, Professores da burrice, rota Abismada e d'cadência assinalada.
Que céu, que inferno, que afã, Pugilato da fé e pululante, Que entoada, que desgastante As limitadas litanias de satã.
Risos, gargalhadas réprobas Da chafurdaria, gargalhadas, Ó ridículas, ó exorbitadas Cachinadas anátemas de probas.
Ó insânia, doudice da doudice, Tomada p'la lúgubre orbe maldita, Ó Sofreguidão bonita, bendita Vida medonha, como a bela dixe².
Ah! Pungente vida fulgente Purgada. Ah! Vida pungente! Pungida. De figuradas entes. Vida, vida punida fedente.
Clamores ridículos do futuro, Futuro ridículo de clamores, Ante a fé, de medonhos amores Molestados do frágil aturo.
Ah finito, finito glorioso, Eflúvio de essência infinita Do que é zimbório, que incita O ímpeto abstruso, lamentoso.
A calma, raiva, interrogações, Quantidades acerbas, tratadas De limitações treplicadas... Languidez, ah! Lamentações
Lamentações lânguidas, funérea. Sacrossantos versos belizes, De rimas nevoentas, infelizes, Pavorosos, de idéias férreas³.
Genuíno de métricas falazes, Oh podridão falaz, cautelosas Elocuções verrinas, chorosas De sentimentos, audazes.
Que nesse entendimento, vã. Onde tudo vai, onde passa A esboroada forma da graça Empunha. Ah! Que seja sã.
Ah! Nas Noutes, nos luares, Nas formas, na calmaria, Na felicidade, na melancolia, No medonho, no degredo de ares.
Na reza embutida de quimera, Quiméricas palavras sofridas. Sofrimento d'enganações lidas. Ilusões bonitas, do que não era.
Evangélicas ubérrimas d'opaco, Labutas da religião fedorenta, Oh! Oh! Imaginação lazarenta D'áurea combinação. Ataco!
Atacante da crença, o tuteles Da negridão, de idéia suspirada Por ditas idéias conspiradas. Assim como eu, tu, Mefistófeles.
Abastados da burrice mórbida. 'Inda gerados da fatuidade; Maldade, maldade, maldade. Quanta desagregação, hórrida.
Quando no préstito andar torto, Defuntos, fantasmas e caveiras Nela terão fé, na traiçoeira De tudo que está vivo, morto!
________________________ ¹- s. f. ²- s. m. ³- fig.
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