O dedo do destino.

Data 09/03/2011 13:12:02 | Tópico: Prosas Poéticas

Olho o meu dedo como se fosse o seu baixo ventre, nele negro, o resto de um hematoma ardente, ao te mostrar pisadura recente, me diz sorrindo que desaparece com o tempo, cresce a unha o hematoma mingua até nada restar, dolorida lembrança. Fiquei olhando como menino a unha crescer e a mancha negra do teu ventre diminuir, se apequenar, da cutícula viajou a fimbria da unha, mais um corte e terá esvanecido. Apenas você não desaparece do meu pensamento, nunca mais a vi e conto este tempo na fimbria da unha, olhando meu dedo como se fosse o seu baixo ventre.
Carlos Said
*Descoberto entre rascunhos e anotações minhas de 1968.




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=178693