
versos sem preservativo
Data 14/03/2011 23:25:46 | Tópico: Poemas
| um dia destes deixo de ser português vou comprar meu bilhete de exílio higienicamente limpo enjoado da contemporaneidade morrer de pálpebras abertas comercializar no subterrâneo aquém da Europa, vender a pátria e nem o peso pesado, apesar de estar farto dizer: Abril!
vou perder.me na seiva verde dos cravos vermelhos aqui ,de mãos nos bolso a coçar os tomates
(são os meus, meus patriotas!)
agrestes e solitários sujos d´ óleos operário vendedores de porta a porta
(não ontem, mas precisamente hoje, agora)
cumprem …incapaz de dizer a ternura com três filhos famintos
não vou falar ao meu país em discursos obsoletos pertenço sem dúvida a esse medular transformado de facto em história e castanholas, boinas "che"
( também não ficava mal)´
e "bob marley´s" envoltos em palidez burguesa erva de sede a crucificar, o ouro do meu país onde reinar são cidades estado (fora de sítio) vestidas com o último modelo” prada”
(ou não se vestisse o diabo essa moda)
de acabamentos insanes:
não sei quem são (pessoas anónimas?!! talvez,)
aqui, ano 2011, a não sei quantos graus de latitude
Portugal
um pa(ís) que se matou (todos sabemos porquê)
uma mãe que se prostitui (todos sabemos porquê)
um jovem em triple de heroína (todos sabemos porquê)
um trabalhador desempregado que rasga a roupa (todos sabemos porquê)
um poeta que rói os dedos enquanto possível, mas falta.lhe a coragem de morder as unhas (todos sabemos porquê)
TODOS SABEMOS PORQUÊ
e dentro…
(todos sabemos por dentro o porquê)
o quanto é doce dizer pátria sonhar o território livre e insubmisso gritar…liberdade
(em versos sem preservativos)
apesar de tudo impotentes exilados …na hora oficial.
TODOS SABEMOS PORQUÊ.
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