Bodega
Às vezes, no rústico balcão de velha tábua enegrecida o tempo parava...
Às vezes, o vento passava e o papel de embrulho acenava convidando o cliente a absorver o aroma pungente de couro curtido que se irradiava no ar...
Só a velha balança parada com os pratos vazios ponderava o que havia de sabor no denso langor de algo invisível a indicar que a tarde se dissipava pesarosa a chorar...
E quando vinha freguês antonio, maria ou joão de caderneta na mão fiava o açúcar, a farinha, num embrulho feito com arte com dedos magros da mão de um bodegueiro artesão! Fastio
Ultimamente, tenho carregado demasiado peso: ausências indefinidas, presenças indesejadas e saudade de um doce sal que jamais provei! A vontade de conter o mundo me franze as sobrancelhas neste nevoeiro denso a me reter num abraço. Necessito verter um vômito inorgânico que se acumulou em minhas prateleiras: aclamações induzidas, anulações forçadas e as crenças ilusórias que retraíram meu ser!
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