"Nunca aparecerás."

Data 19/03/2011 22:46:21 | Tópico: Poemas -> Góticos

Nunca aparecerás.
E eu estarei sempre só.
Negros os meus mundos ficarão;
Porque a pouco e pouco
Toda a esperança morrerá.
Ficarei apenas com a minha pele,
Fria e exposta ao mundo
Sem nada que afaste a escuridão...
Serei a tela pintada,
Deixa à chuva
Toda manchada.
Cairei no esquecimento.
Nem ninguém se lembrará de mim;
Deixarei as velhas mascarás
Em frente ao espelho
Das horas que perdi,
A ficar bonito,
Para alguém reparar em mim...

Trarei para a rua
O velho sorriso gasto.
Farei as trapalhices,
As brincadeiras, as travessuras
E todas a piadas de sempre...
De que todos riam menos eu.
Deixarei de crescer,
Por vontade, ficarei pequeno;
Ou mundo já grande demais...
Ato à testa a inocência
Que trouxe no bolso,
Como um lenço branco
Já roto e velho e muito gasto.
Sento-me na pedra do banco
E fico à tua espera.
Como se tu fosses uma ausência
Que existe à muito tempo.

É essa a imagem que tenho de mim
A eterna criança,
Que espera pelos teus olhos azuis.
Tem-nos a morte que traz-me o fim...
Sinto-me tão velho,
Tão gasto e sem alegria,
(Têm a solidão
Destas coisas negras de se escrever,
Quem saiba entender
E não goste
Deixe de as ler...)
Dou por mim
De braços dados ao esquecimento do que amei,
No peito, um vazio
Nas mãos, o coração frio.
Perdi a esperança e de braços estendidos
Dou à escuridão, nesta noite de lua,
Todos meus sonhos perdidos.
E também dou a infância de espera,
Que nunca foi minha;
Mas meu amor...
Sempre tua...



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