Tenho um passarinho que canta e encanta, quem o ouve, nas manhãs lindas ou nas tardes viçosas, de onde se desprendem olores a flores e a terra molhada, depois de mais um dia de chuva.
Gosta de sementes e de plantas e depenica, com prazer, até chegar ao talo, enquanto é observado por olhos ávidos de pardais de rua, que aos saltinhos procuram no chão a rara comida que ele dispensa.
Já apanhou bem os seus sustos, quando, um grande milhafre, tentava em vão, assaltar-lhe a gaiola, branquinha como neve, mas eu sempre atento, sei quando ele está a passar por aflições.
É um pouquinho mau à mesa, pois espalha tudo no fundo da gaiola, e eu como não lhe meto mais comida, fico à espera que do chão se vá alimentando, então sim, quando vejo só sujidade, cuido dele.
Feliz põe-se as saltos de um para o outro lado, fazendo acrobacias para se valorizar a ele mesmo, sabendo que a recompensa o espera, com alpiste, vitaminas e água bem fresquinha para se banhar.
Depois de muito cuidado põe-se a chilrear, e os vizinhos vêm à janela para escutar e a suas belas melodias, que ele dobra, como ninguém, fazendo várias variações no pio, que nos deixa todos extasiados.
Jorge Humberto 27/03/11
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