
ESPERANÇA?
Data 31/03/2011 13:28:04 | Tópico: Sonetos
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O caminho aonde eu traço O que tanto quis outrora Noutro rumo o velho laço Tão somente desancora, E se possa mais escasso O momento sem demora,
O cenário não reflete O que esta alma desejara Num alarme o que compete Traduzisse em noite amara, Nos olhos o canivete, O vazio desampara.
O meu mundo sem sustento Não refaz o quanto tento.
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Ousaria acreditar Nos medonhos dias. Vago Sem saber sequer chegar Nas entranhas deste afago, E o meu mundo, morto o mar Traz apenas mais um trago.
E se bebo do veneno Que trouxeste, mansamente Pouco a pouco eu me condeno Onde o verso não atente Para o tempo onde sereno, Outro rumo se apresente.
O meu prazo em desencanto Nada mais possa ou garanto.
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Esbravejo contra a sorte Que talvez inda mostrasse O que possa ou não suporte, E se dita em desenlace Bem diverso do que corte E transcende à rude face.
Expressões diversas, medo Excrescências entre vãos Os momentos que concedo Em tormentos feitos nãos Os meus dias sem segredo, Mortos; vejo os velhos grãos.
A sensata luz que havia Hoje morre atroz, sombria.
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Nas palavras mais gentis Ou nos ermos de minha alma O que possa e já não quis Tantas vezes nega a calma, Conhecendo o céu tão gris Por inteiro, sonho e palma,
Na insensata noite escusa O meu verso não presume O que tanto a vida abusa E moldando em vago estrume Esta sorte mais confusa Procurando qualquer lume.
Esperando após a queda O que tanto a sorte veda.
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Não mereço nova chance E talvez ainda veja Onde o sonho não alcance Revertendo esta peleja, O meu tempo ora se lance No que possa e não poreja.
Apresento o caos e bebo O que pude imaginar Amor sendo um vão placebo Nesta angústia a se mostrar, E do pouco que recebo Mal pudesse caminhar.
Nada mais se vendo após Desfilamos sobre os pós.
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Não se vendo qualquer luz Onde o quanto fora pouco O meu tempo onde o propus Traz o ritmo quase louco, E gritando sem ter jus O meu verso morre rouco.
Adentrando este vazio Onde o manto se remete Ao que possa e não recrio Na incerteza me arremete Num insano e longo estio. E meu verso ora repete.
Vagão sem locomotiva A esperança sobreviva?
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Num anseio onde não veja A incerteza dita a regra E se possa enquanto seja A verdade desintegra O caminho não poreja O que possa; dor integra.
A velhaca sensação Desmontando o quanto havia Na diversa imprevisão Da tormenta dia a dia, Outros temos me trarão O que fora fantasia.
Nada mais restando em mim, Bebo a morte e sei meu fim.
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Na verdade o que se quer Expressasse o quanto veio Sem saber e se vier Encontrando o mundo alheio, Versejando sem sequer Esboçar um devaneio.
Outra vez nada se tente Nem ausente em vaga luz, O meu passo imprevidente Na verdade não conduz Ao que possa impertinente Refletir o que faz jus.
Nesta areia movediça Novo tempo já não viça.
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Marcas frias de uma vida Desenhada a ferro e fogo, Uma estrada destruída Outro tempo em ledo rogo, Nesta ausência presumida Perco a essência deste jogo
Arrogantemente a sorte Sem saber o que inda tenha No final já desconforte E deveras não convenha Resumindo cada corte Onde a sorte não mais venha.
Vejo o caos e sei do quanto Meu momento em vão espanto.
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Jorra em pútrida lembrança A verdade mais atroz E se tanto a vida alcança No vazio sei a foz, E quem dera em esperança Procurar ir logo após,
O meu verso ora inaudito O que tanto se presume, Na verdade necessito Tão somente de algum lume O meu mundo onde acredito Mata o sonho em vago ardume.
Dos cardumes em terrores Outros ermos onde fores.
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