
AUSENTE
Data 01/04/2011 05:57:35 | Tópico: Sonetos
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Ausento da esperança enquanto tento Vencer tantas discórdias vida afora E quando esta saudade já demora, Eu vejo o renascer do sofrimento, Meu verso se perdendo em desalento O tempo a cada instante me devora E o medo sem saber do quanto aflora Expressa a solidão em rude vento. E veto qualquer chance de um futuro Aonde poderia o que procuro Ousando nas entranhas da ilusão, O canto se anuncia sem temores E sei que tanto ainda enquanto fores Os dias em tormentas se verão.
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Não pude acreditar neste vazio E sei do quanto a vida traz enfim, O vento desbravando este jardim Aonde sem sentido o fantasio, O tempo noutro tempo sendo esguio O pouco que inda resta traz em mim O sonho anunciado e mesmo assim, Apenas vejo o dia mais sombrio. Não quero acreditar felicidade Tampouco viver tanta ansiedade Depois da tempestade outro tormento, E quando me entregando ao quanto invade Das tramas mais diversas; raro alento E um novo caminhar, audaz, eu tento.
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Marcando com o verso o que um dia Pudesse ser apenas um caminho E quando transformado em claro ninho Deixando para trás esta agonia, O verso que deveras se recria. O tempo sem ter medo onde me alinho Expressa o quanto possa e, se sozinho, Apenas me inebrio em poesia. Apressando o meu passo nada vem Somente a mesma face em tal desdém E o corte anunciado há tantos anos, Depois dos universos que ultrapasso, Semente diz apenas deste traço Envolto nos mais duros desenganos.
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Na sorte mais diversa que se vira, O corte aprofundando na alma rude, Depois do que se tente em plenitude, A luta transcorrendo onde interfira, A morte reacende qualquer pira. O mundo se moldando em atitude Diversa da que eu possa e se me ilude O sonho sem proveito já transpira, O corte a cada passo anunciado, A vida transmitindo o seu recado Ousando acreditar no que não veio, Reajo, porém sei quanto é nefasto O mundo, então decerto ora me afasto, E sigo o meu caminho em devaneio.
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Não pude acreditar Nas tramas da ilusão Aonde a dimensão Não tente desvendar. A vida sem lugar Os tempos moldarão A minha solidão, Num canto a divagar. O prazo determina O fim da velha sina Exterminando a luz, E sei do quanto emana A vida mais profana E ao nada me conduz.
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Não vejo outro caminho Tampouco o poderia O verso mais daninho A sombra deste dia, E sei do que avizinho Em rude melodia O tempo em vago espinho Jamais floresceria O parto se negando O marco emoldurando O canto sem sentido, E sigo sem temor Aonde quer e for Sem ter o que lapido.
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A cada novo engano O tempo não redime O verso que se prime Além do mero dano, E quando mais ufano Do tempo onde sublime A vida não suprime O tempo em tom humano, Apenas sei do fato E quanto mais constato Maior a intensidade, Do sonho em perfeição E desta solução Invado a liberdade.
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Não tenho uma saída E mesmo que inda venha A luta em tal ordenha Traduz senda perdida, A sorte destruída A vida me convenha E sei do que inda tenha Após qualquer saída, O resto não se vendo E sei deste remendo Ousando acreditar No tempo mais sutil Aonde o que se viu Não trama outro lugar.
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Apresentando apenas As tramas mais venais E sei do quanto esvais E tanto me condenas, A sorte onde envenenas Os dias tão banais Quisera magistrais E sei que não serenas. Apesar disto tudo Aonde desiludo Entoas outro canto, Depois do que se fez Em rude insensatez O nada ora garanto.
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Não pude e não tivera Sequer o que inda queira A luta derradeira A sorte mais austera, O preço destempera E trama em corriqueira Vontade o que se esgueira Ou enfrentasse a fera. Apesar deste tanto, O passo que quebranto O manto que puísse No fundo sem sentido Apenas dividido Expressa uma tolice.
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