
Grito de reticências
Data 05/04/2011 17:53:15 | Tópico: Poemas
| Um dia disse que me deixava Que não queria mais saber de mim E fiquei eu a doer pois achava Que tanta alegria não teria fim.
Entre campos de flores garridas Cada uma no seu jeito de se perfumar Não sei quais hão de ser minhas Pois não tenho vontade de agarrar.
Prefiro sentar-me olhando o céu Pensando em como viver a vida. Desejando que a morte levantasse o véu Para fazer esta lembrança, interrompida.
Não tomo, nem tenho atenção E nada do que faço me é certo Mesmo que o sorriso seja do coração O momento nunca parece correcto.
Com certa vontade, mas medo De entrar novamente em gostar Temendo começar outro pesadelo Indeciso em voltar a tentar
Palavras quentes de chama bruta Que não quero deixar acender! E a dor, com a alma luta Que não quer deixar o calor morrer!
E, assim, me é a vida Feita de tantos percalços Com uma chama consumida Com os pobres pés descalços.
Pisando toda, qualquer porcaria Seja vidro silva ou cardo Na esperança de, um dia Encontrar um sapato.
Não, não quero tornar A deixar-me ir em ondas loucas. Não pretendo ainda amar... E não tenho razões poucas!
Se em amar me aleijo Ainda mais se firo quem amo Para quê partilhar um beijo Apenas por ser quem eu chamo?
Não, a mim não me apanham Novamente no frio calor de amar. Por quantas aos meus olhos venham Não mais hei de me deixar agarrar.
Hei de ter apenas vontade de comer E guardarei para mim a fome. Será esta, estranha forma de viver, De quem, amar, por querer, não pode?
Elas passam todas bonitas Todas lindas e prendads Mas já não me fazem louco Pois o meu sentir é outro.
Tenha mais ou tenha menos Venha eu por de onde vier Se quiserem amores amenos... Nem esses sei se quero viver. www.umpoema-umdia.blogspot.com
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