ADO(U)RAÇÃO

Data 11/04/2011 23:26:16 | Tópico: Sonetos


Descer-te, Douro Alto, até às margens
Do rio que te curva a adoração,
É ascender ao estado de fusão
De ser néctar e xistos, sem clivagens.

Subir-vos, Douro-e-montes, é sufrágio,
Que cumpro, calço a calço, em devoção,
Não encontrando nisso dor senão
A demora do necessário estágio

Do vinho que te bebo em ponto nobre
E me eleva ao céu sadio que te cobre.

Medito-te então, Douro, em alva ermida,
Quieta e contemplativa oração,
Como quem agradece as cores do verão
Na certeza da vindima pressentida.


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