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 FAÇO DE CONTAData 14/04/2011 21:37:29 | Tópico: Poemas -> Desilusão
 
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 No espelho, já só resta o vidro
 Em mim o silêncio me habita
 Saudade branda, rosto esquecido.
 E o sabor acre da desdita.
 Bebo a taça a transbordar
 O resto que de mim sobrou
 Levo a vida a representar
 Que sou, o que já não sou.
 
 Digo adeus num aceno furtivo
 À vida que foge a cada instante
 Que eu sei já não muita, mas vivo,
 A um emurchecer... semelhante.
 Só as lembranças me detêm
 Pois perdi o rumo
 Não sei de onde as forças me vêm
 Na vida que me leva, que é fumo.
 
 Faço de conta que ignoro
 O que sou, e o espelho quer
 Por um pouco de paz imploro
 Pedindo aos olhos que esqueçam de ver.
 Sonho-me como é minha vontade
 Salto a imagem do espelho obscurecida
 No interior do meu olhar a saudade
 Esqueço o tempo e a vida
 Conspiro contra a realidade.
 
 rosafogo
 natalia nuno
 
 
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