Sociedade dos Mendigos

Data 19/04/2011 18:43:27 | Tópico: Poemas



Que digam que sou imperfeito
que tenho defeitos,
que digam que sou um ninguém,
que não possuo nada
muito menos um vintém,
que digam que o que tenho é pouco
ou quase nada, que uso roupas impregnadas,
vestes maltrapilhas, um corpo e uma alma.

Que digam palavras absurdas
providas de sentimentos fúteis
para agredir minha ignorância,
que a sua arrogância me faça sofrer por não seguir suas leis absurdas,
que assim seja, vivo desse jeito, viverei mesmo com toda intolerância e pré - conceito,
que digam que assim irei adoecer,
não me importarei, mesmo assim quero viver fugindo para outro canto, pedindo e não roubando,
livre da má fé
é que se vive,
e a mentira eu não aceito
ela é a hipocrisia onde me deito,
num banco rubro de praça
que se diz público,
aonde de madrugada ninguém se senta,
a solidão é o vazio
e um jornal minha coberta, me esquenta,
no meio da noite madrugada e meia
acordo com uma cacetada levando uma peia, autoridade distrital
um seu tal policial,
sou enxotado tal cachorro escorraçado
apenas por estar deitado,
no rubro banco de praça público,
de noite abandonado,
dormi na hipocrisia
a mesma em que você chama casa.

Que tentem me ajudar
que sejam humanos,
que estendam suas mãos limpas
ao me ofertar ajuda,
hei me prendam!
diversas vezes fugirei
para as ruas voltarei,
que mostrem que seu mundo é o certo
adultério, assassinatos, preconceito,
parece o inferno!
hipócritas sociais
zumbis infernais,
mamulengos do sistema sociedade
verdadeira maquina de maldade.


Que atirem pedras sobre minha carne
não sabem de nada, não sabem o que é liberdade,
vivem enforcados por leis, impostos, dívidas, guerras, ambição e por si mesma,
que digam que sou sozinho
que não ganho presentes ou recebo carinho,
não tenho amigos ou família
por que não quis,
mas aposto que sou mais feliz.



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