Abra-te! Deixe-me entrar. Se demoras a abrir... Derramo-me por debaixo da porta... Derramo saudades... Sem delongas, digo rapidamente - Tenho frio! Abra-te... Minhas pequenas feridas, Beija-as sem asco Com amor, pôs-me em posição de decúbito Não me renderei ao deísmo Sem antes me deliciar da restauração do estrago regenerado... Traz nas mãos, uma estrela cadente, As marcas de um ventre, Délpara, deificando a sua existência... Reluzente... Ampara-me o suspiro Ostenta em minhas entranhas seu plasmo umedecente Desenhando a primeira letra de teu nome com a ponta dos dedos... Sorrio... Faz-me cócegas, Surpresas atrás da porta... Levanto o lençol e te peço - olhe minh'alma... Ah! Se soubesses da louca que sou... Parida; filha única de Atena; Sonhadora; crê na justiça invisível, Legado que me introduz o verso proibido Não me deixa sossegada um segundo se quer... Mordi do fruto proibido O jardim das delícias não me perdoará... Joguei veneno no Éden; pecadora; ardilosa... Somente tu, inventando-me um novo Gênesis, Alcança-me Redenção, Com seus olhos bentos de água Derrama-me candura; Lava-me o lodo... Ponhas uma moldura em meu coração... Mas escutes... De algo precisa saber Nenhum adorno merece a minha carta de alforria... Se tiveres que me salvar, Ao menos, liberte-me... Entre o amor que geme e suspira, Assino a carta da liberdade que voa. E voo... Voo.