
Tristezas de uma rainha
Data 25/09/2007 16:57:09 | Tópico: Poemas
| Corrias prados verdes em jogos de sentinela Com tuas aias de cetim aos ombros Vivias no ontem permanecida de negro brilhante Que encantava o teu sorriso corado Dançavas noites de tílias e cidreiras Que colhias nos jardins de Éden Do teu palácio branco onde o silêncio florescia A cada lago que lhe pousavas
Cantavas em harpas de cristal puro Com voz de rainha leve, mais leve que uma dança Os teus dedos percorriam o preto e o branco Das teclas de um piano que te enfeitava os dias Com as mãos compunhas coisas do coração Para te aconchegares nas noites felizes
A trote chegou o inimigo…
Colheste o sangue vermelho do teu amado Rei Com as lágrimas e tristezas de uma rainha Onde o lago se inundou de ódios e espadas perdidas Ias e vinhas, solitária e transparente de mágoas E as memórias das coisas já te açoitavam O lado menor dos Homens impacientes Em sombras amargas de emboscadas pérfidas
Rasgaste a leveza doce no último sopro do teu amado Embainhaste a sua espada como num sono inquieto Subiste as escadas solitárias de angústias E gritos de aias trespassados à tua passagem
Mal chegaste… Já não voltaste… E nos fundos dos caminhos Te extinguiste…
No chão dos teus aposentos Escancarado ficou de sangue manchado O teu vestido de véspera libertado…
Manuela Fonseca
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