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 A MINHA PSICOLOGIA BARATA
 Ontem
 
 minha pulsão de vida
 
 descansou.
 
 Acho que estava no lixo
 
 junto com o princípio
 
 do prazer.
 
 
 
 A minha pulsão de morte
 
 falou mais alto
 
 e esmurrou repetidas vezes
 
 a minha cara de paisagem.
 
 Eu também me autoflagelei:
 
 não conseguia me amar
 
 com tantos números e conceitos
 
 na minha frente.
 
 Nada minimizava a minha angústia,
 
 o meu estado de inércia.
 
 Nem Freud entendeu
 
 o que estava acontecendo.
 
 
 
 Fiquei olhando o meu objetivo
 
 de vida por horas, buscando
 
 alívio em coisas sem alívio.
 
 Não sabia onde estava nada,
 
 apenas a morte.
 
 
 
 Hoje estou um pouco melhor:
 
 tomei duas colheres de poesia
 
 e uma injeção de Sophia de Mello Breyner
 
 na veia.
 
 Fiquei dopadíssima:
 
 primeiro achei que era poeta,
 
 depois sereia.
 
 No final das contas percebi
 
 que sou uma aranha com amnésia
 
 e sem teia.
 
 
 
 Freud explica.
 
 
 
 
 
 
 
 Karla Bardanza
 
 
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