O sexo morto das virgens

Data 27/09/2007 16:09:48 | Tópico: Poemas -> Surrealistas

O sexo morto das virgens.
O desejo que se hasteia nos jardins da volúpia.
O grito herético da sereia moribunda.

Imagens difusas, que me viajam a alma,
incomportadas.
Figurações que me maculam o Sol que já se apaga
no esconso desvão de ser palavra,
do verbo que se explode rubro
e se reflecte no manto emagrecido desta hora.

A música. A música divina do som da tua voz,
eleva-se para além dos Montes Olímpios,
mescla-se com a dor de dedos rasgados,
em urdidura de louros no teu colo de vertigens.

Insandeço.
Tropeço nas horas vivas como se fossem pedras soltas.
O corpo rebusca arreios nas margens imprecisas dos dias,
e, sem êxito, mergulha em chamas nas noites gélidas de frias.

Mordo momentos em que Solstícios breves
refervem em glosas de solidão.

Invento, rebusco afectos em plátanos apodrecidos,
conspurcados em nódoas de limos verdes,
de verdes desmaiados, esvanecidos.

Abraço-os em rendas, em noite de lua cheia.

Com sedas e tules teço enredos, tramas d’alinhados,
redes cruzadas de pernas e de braços,
quando, amado, lá fora e aqui, a Natureza se derrama
em ácidas chuvas, diluvianas e,
na demência, acredito que são somente clarividências d’águas!



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