A Carta

Data 12/05/2011 23:04:42 | Tópico: Poemas

Minas Gerais, mês x, dia tal...

Eterno e único amor da minha vida,
Através dessas maus traçadas linhas
Venho até ti dizer-te que nunca me
Fazes mal...

És raio luzente em minha triste caminhada.
Junto saltaremos por íngremes cascatas
E desbravaremos as mais densas florestas.
És, por todo sempre, a minha amada.

Busquemos todos os tesouros... As esmeraldas...
Todas as riquezas... Possibilidades infinitas!
Corpos nus adentrando o âmago das matas...
Sempre serás minha... Querida!

Queiras compreender-me, meu amor,
Fartos sempre serão os meus desejos,
Como são milhares os meus planos.
Vários foram os meus desenganos.

Há muito aprendi que amar
Consiste em esquecer o que desejamos
E na forma mais ampla em que podemos
Nos doar...

"Tendo-se o outro se tem tudo."

Erigir tempestades e lançar trovões
No arfante e sôfrego coração alheio,
É se furar em espinhos...
É se machucar por inteiro...
É perder as primícias da recém-chegada
Estação...
É ter doente o peito sem cataplasma
Que lhe cure direito...

Deixes disso, meu amor!
Deixes adentra tua casa um feixe de raios
Solar!
Que o vento desarrume teus loiros
Cabelos!...
Que quebrante a tênue teia que se forma
Pelos teus pêlos...
Pelos cantos obscuros de tua sala...
Pelo telhado de tua casa...

Que o canto magistral das cotovias vorazes,
Em harmonia com tua voz que nunca se cala,
Envolva-te em uma só gritante e constante
Alegria!...
Que se afrouxem as penosas e pesadas tenazes
Que lhe deixava, aos poucos, fenecendo à míngua,
Privando-lhe do teu onírico pensar preso em tua
Labareda-língua!...

Trago-te do oriente antigo todos os bálsamos,
Oboés, perfumes, mirras, sândalos, pensamentos...
Da Índia, trago-te cravos, canelas e incensos...

Venhas comigo, meu amor!
Nada deves temer!
Serpes se enrosquem aos teus alvos pés!
Que todos os galhos e ramos dos bosques
Lhe arranhem a tua terna e macia tez!...

Nada temeremos meu amor.
Tendo-se um ao outro,
Tem-se todo o universo!

Bromélias lhe brotem da boca
Quando puderes sorrir!...
Que o meu pássaro nidifique em teu púbis.

Que néctar e mel saiam sinuosos
Rios azulados dos teus olhos
Quando chorares...
Dou-te, meu amor, todo o mundo.
Quem tem um ao outro... Tem tudo!



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