
... serei talvez poeta, fada ou feiticeira
Data 28/09/2007 11:06:01 | Tópico: Poemas
| Desato as teias dos afectos, desabotoo os laços que me prendem à razão, deixo que o corpo seja tão-somente magma terra em primitiva erupção.
Tacteio os limites improváveis na virtude de um bem-querer que se não conhece em si mesmo, de um sentir avesso à mais sólida convicção de um traço rigoroso, de um percurso preciso, ao recusar a o siso, a bonomia e a quietude.
Enfunada em rusga por um vendaval que sopra, não sei de mim, da folha virgem que já fui, nem da negra tinta que me empapa a pele roxa e me ensopa a carne trucidada p’los espinhos.
Trilho o tempo, sou seara de vento, nesta loucura desvairada e desmedida, rasgada no linho casto de velas de moinho.
Desabrocho palavra sendo alma nua e fustigada, palavra primordial e derradeira, em que a nudez do verso se esconde em ancestral parra de figueira,
... serei talvez poeta, fada ou feiticeira, danço e pulo por dentro das chamas da fogueira!
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