LETRAMENTO
O meu letramento veio com o vento. Com ele aprendi a voar e a ler as pétalas das azaléias sem muita pressa.
Aprendi também a interpretar os carneirinhos nas nuvens e as estrelas e também a entender um pouco mais a Lua e os seus enigmas.
O vento levantava os meus cabelos e me incentivava a ler as diversas tipologias intertextuais dos caules das árvores, especialmente quando havia um coração e dois nomes distintos neles.
Lentamente me apropriei da escrita e comecei então a fazer poesia da vida assim como quem não quer nada, querendo quase tudo.
Minha leitura do mundo sempre foi fundamentada no imediatismo do sonho e no surrealismo da alma. Às vezes, as minhas palavras não estão nem dicionarizadas. Melhor dessa forma que informa o nada e abraça o vazio com voracidade. -Verdade demais deforma-
Sempre recorro ao vento quando fico indecisa diante das metáforas e das figuras de linguagem em geral. Sento no melhor jardim e arranco os olhos para sentir.
Sentir é sempre melhor do que saber.
Karla Bardanza
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