BORDADO DE LUCIDEZ

Data 24/05/2011 02:24:11 | Tópico: Poemas


BORDADO DE LUCIDEZ

Pelo lustre do teto
Derribou bordado de lucidez
Mentecapto e supra-humano
A esgarçar-me em luz a tez...

Foi aí que endoideci d'um deus
Desalojado do breu da cama
Das meias brancas,
Das listras vagas do pijama...

Adejei os deificados olhos
Além-ferrolhos da janela
E bem-fadei o espólio
Do imbróglio da minha cidadela

E o céu soturno se incorporou
Em tantos netunos e saturnos
D’um véu lilás a desverde
Como um corcel trotando o lume...

Rente à terra, destrambelharam
Telhas e edifícios, quanto paredes
Desfiando um desaprumo de escarcéu...

Essa santa insânia ilustrada
Encheu a paz de eus
E não pude mais ver-me humano

Nem menos capaz
Do que um anjo contumaz
A brincar na sede
De perder-se
N’uma nuvem de delírio
Tão eterna quanto fugaz...




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