Apetecia neste dia, um passeio até ao Tejo e pelo Terreiro do Paço andei a pé. Parei no terminal, observando aquela sala gigante. Parando junto de mim um pombo habitante daquela sala, que debicava, debicava e nada encontrava! Chamei por gestos; junto de mim parou. Por largo tempo não me deixou! E olhando aquele pombo habitante de penas azuladas e iris avermelhadas, cheio de fome e ternura, deixando as minhas mãos dar-lhe mimos, sem voar revoltado; apenas um pombo esfomeado. Fiquei agradecido por este novo amigo. Lembrei-me das crianças que nas mesmas condições, ainda têm forças para nos lançar olhares de ternura aguardando que nossos corações, se lembrem que elas existem. No meu regresso e tendo como despedida olhares de ternura, ainda me disse: “Quando voltares a esta sala gigante, cá estarei e ficarei junto a ti, para descansares e veres que ainda existo; como pombo e amigo”.
José Manuel Brazão
Nunca imaginei que tendo criado em poema este facto real com momentos de ternura naquele site tivesse atingido um número invulgar de leituras e mantém-se no top há pelo menos dois anos.
CANTINHO DA POESIA Pombo com ternura e fome Por José Manuel Brazão, Ligado 2007-10-25 17:29 Visualizações 37467 em 07.06.2011