
venho sombria de punhais
Data 01/06/2011 12:25:36 | Tópico: Poemas
| trago punhais na voz trago punhais no sangue trago punhais nos olhos trago punhais em cada letra trago punhais para todos nós.
por cada apunhalada sem destino por cada gesto desfolhado por cada madrugada violada por cada gota de gesto destilado.
por mim por ti trago punhais que sabem seu fim.
possivelmente há punhais onde cabem todas as feridas de fendas abertas, o mesmo suicídio-temporário.
há chuva e moscas doenças esquisitas doenças novas doenças antigas é horrível o cheiro a ratos há quem morra por um punhal de espanto morra mil vezes morrendo matando.
de tanto se morrer já se sabe tudo tem.se um passaporte falso corpo desfeito mastros quadrados pés de barro um punhal a sair em cada mão e,por um sorriso de criança vale a pena apunhalar a cada esquina
morre.se aqui e além não sei quem morreu a verdade é que nem sei seu nome anunciado pareceu.me que conhecia pelas punhaladas.
tinha boina e alma tinha muitos anos morreu apunhalado numa flor-futura
foi só esperar o carro dos jornais esperar pela manhã entre espaço curto das linhas ver a voracidade dos punhais e ficar a saber do estado da civilização.
venho sombria de punhais trago punhais na voz trago punhais no sangue trago punhais nos olhos trago punhais em cada letra trago punhais para todos nós.
hei.de encher o mundo de punhais.
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