Vulto

Data 02/06/2011 18:07:45 | Tópico: Prosas Poéticas

Um habitual formigueiro toma conta da minha mão. Completamente desligada do meu ser, não conseguia fazer parte de mim naquele momento, era uma mão morta. Mão essa que precisava de bater à tua porta, mas sem forças tal era impossível, tanto que alguém a abriu e daí um vulto surgiu...

Vulto que deixaste a tua marca, vulto de forma perfeitamente definida, mas acima de tudo um vulto escuro. Que seria aquele "vulto"? E eis que sinto que vai soltar algumas palavras... Solta... Solta... "Deixa esta porta aberta!", segredava-me ele ao ouvido, enquanto me interrogava agora sobre que porta se referia aquela figura encantadora...

Figura encantadora? Torna-me-ia agora um ser reles que viveria subjugado às palavras de uma sombra forte e escura? Mas ela teimava em continuar a perseguir-me e eis que uma estranha sensação de alegria e raiva me invade a alma... Ora raivoso, ora radiante... Os olhos encheram-se imediatamente de raiva, não uma qualquer... Sentia aquela raiva, de quem tinha consciência que estava a ser enganado e que se tratava de uma “canção de embalar”, que me adormeceria até ao sono da perdição!

Começava a encaixar todas as peças que o vulto me tinha dado, mas era tarde demais quando cheguei à conclusão, que era mais um vulto que me levaria até ao sono da perdição. E assim o vi desaparecer...



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