Roo as horas até ao sabugo, Na demência da espera Que me esmera o ser, Num grão fino e constante. Deixo a noite invadir-me Num manto negro que me ilumina a aura. O piar do mocho corta o silêncio, Som que me espreita no erróneo ramo Abraçado pelas garras da vetusta ave. Urge-me no ventre essa demora Presa ao tempo de retorno De um suspiro que me ecoa no cérebro. Não era o meu que queria assim ecoado, Nem sequer um suspiro. Um sorriso, um olhar velado, Uma risada límpida Num gorjeio de alfazema. O saber da tua pele ali… E o mocho envergonhado voaria para outro ramo, Longe de mim e de nós, O silêncio cortado Pelo afago quente do teu gemido. As horas roídas Da minha urgência no teu regaço oferecido.
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