noites assim, de mim

Data 03/06/2011 21:09:54 | Tópico: Poemas


Roo as horas até ao sabugo,
Na demência da espera
Que me esmera o ser,
Num grão fino e constante.
Deixo a noite invadir-me
Num manto negro que me ilumina a aura.
O piar do mocho corta o silêncio,
Som que me espreita no erróneo ramo
Abraçado pelas garras da vetusta ave.
Urge-me no ventre essa demora
Presa ao tempo de retorno
De um suspiro que me ecoa no cérebro.
Não era o meu que queria assim ecoado,
Nem sequer um suspiro.
Um sorriso, um olhar velado,
Uma risada límpida
Num gorjeio de alfazema.
O saber da tua pele ali…
E o mocho envergonhado voaria para outro ramo,
Longe de mim e de nós,
O silêncio cortado
Pelo afago quente do teu gemido.
As horas roídas
Da minha urgência no teu regaço oferecido.




Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=188285