DELÍRIO AO ENTARDECER

Data 04/06/2011 14:24:16 | Tópico: Poemas -> Introspecção



Doira o sol no azul do céu
sopra uma brisa vinda do rio
e meu coração enterneceu
quando eu o julgava frio.

Andorinhas esvoaçam no ar
pardais saltitam travessos
e eu aprendo a soletrar
os meus escassos versos.

No vazio de meu quarto
senta-se o poeta a escrever
é um doloroso parto
o poema que ele tenta tecer.

De rimas imperfeitas
a poesia surge falaciosa
há no mar ondas desfeitas
como a espuma perniciosa.

Nuvens esgarçadas e brancas
são como filigranas de prata
e são tamanhas e tantas
que eu as julgo feitas de lata.

Nos jardins bem mais abaixo
há insectos tontos de olores
e o malmequer cabisbaixo
adormece ao sol sem pudores.

Canta o canário sinfonias
e as árvores e o seu inverso
mostram-nos melodias
das folhas verdes o reverso.

E na linha do meu poema
com rabiscos ao acaso
toco a reboque o teorema
que é quando surge o ocaso.

Jorge Humberto
04/06/11





Este texto vem de Luso-Poemas
https://www.luso-poemas.net

Pode visualizá-lo seguindo este link:
https://www.luso-poemas.net/modules/news/article.php?storyid=188350