Arrumados

Data 04/06/2011 16:11:43 | Tópico: Poemas

não obstante, estas palavras
sua natureza não é malévola.
tento com dignidade que o mal não erija
e da sua sombra uma espécie de consentimento brando,
cor de fogo se converta, paradoxalmente, à medida que se expande.

preciso pensar, mesmo que seja contemplativo, suspeitar delas
e, por fim, por um assomar de espelhos
descobrir a principal imagem.

(como ousar dizê.la?
denunciá.la?)

existem ciclos, poemas, ídolos,
atores ,estradas consteladas, protocolos contratados
tanta vida humana!
desejos, ideais
vivencias acumuladas
miríades de amigos
incrustados, uns aos outros
que descobri como todos desabam.

como é fácil
a sobriedade
o prazer
o dia vulgar
a inocência
com a dor a apertar os músculos
de cabeça descoberta
na base da sageza democrática.

(bendizemos a cada novo abalo
tão tensos de esperança.)

são cantigas de mulheres prenhas
ritmos de homens e ferramentas
cadelas, raposas, heróis em cio.

por meu irmão
Por minha irmã
por um corpo anónimo e três maletas
múltiplas frases temos refeito
e, dos lábios de um velho
(de deus talvez)
ergue.se uma a voz a dizer:

“ não pensem nisso…estamos todos arrumados”.



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