Tentei segurar a água, prendê-la em minhas mãos. - Tentei -
Tentei mantê-la em minhas mãos abertas enquanto matava a tua sede, a tua incomum sede por coisas que nem sei o nome, por coisas que talvez eu também tenha sede e fome.
Não consegui prender o que nasceu para ser livre assim como os peixes e o próprio tempo.
Foi tão rápido, foi tão breve aquele momento que eu mal consigo lembrar se bebestes toda a água ou se a água bebeu todo o mar.
Algumas coisas nascem para fugir de nós, para desatar nós, para fluir sozinhas no sempre.
Alegro-me pelo instante em que a tive em minhas mãos pequenas, em minhas mãos que nada conseguem reter.
Alegro-me por ter tido o que lhe dar de beber. - engraçado mas meus lábios estavam tão sêcos naquele tempo- Alegro-me por ter te oferecido o que poucos podem ainda te oferecer.
Depois que toda a água tornou-se gotas caindo na direção sem direção e as minhas mãos estavam vazias, entendi, entendi.
Fostes embora e levastes aquela fonte e as minhas digitais.
Não espero que voltes. Guarde tua sede para ti mesmo. Aqui só há um poço sem fim e nada mais.