Do amor não sei, não sei dizer que seja ...

Data 01/10/2007 18:44:59 | Tópico: Poemas -> Amor

Do amor não sei, não sei dizer que seja,
mas pressuponho o exceder absoluto
de um difuso vulto
a emergir na boca e na baba de quem ama,
em recorte fino arremessado,
à lupa incendiada dum leito em chama…

Ou talvez,
amar seja tão-só encontrar o Sol proposto
em cada ruga de luar, em cada friso que a Lua
debuxa viva, em ternura e rogo, no nicho no teu olhar
o lugar rigoroso onde astros se afoitam encetar
trajectórias fogosas de luminárias,
por entre o azeite quente de candeias imaginárias.

Seja o silêncio desejado de dois corpos lado a lado,
o ruído audacioso dos gemidos de prazer,
as unhas cravadas no grito confesso,
da sede da epiderme
e, for fim, no cetim anil, o cheiro a sémen, intenso…

… e orquídeas desfolhadas em lagares de saliva,
e corpos macerados em exímios dedáleos,
tertúlias embriagadas em guerrilha de manjerona e alecrim…

E um sorriso rasgado nas galerias da vida,
quando a noite envergonhada se adormenta
e nos revela, na essência, unos, por fim!



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