Ela ficou parada olhando, muda, sem ação e o que via tomava conta de toda a sua alma, a deixava em carne viva.
Subitamente, ela se sentiu pequena demais, fraca demais, cansada demais e se afastou daquela intensidade, sem se afastar.
O que via era como uma fotografia tão perfeita, uma palavra solta caída de algum livro com o nome do dono na capa. E o que via, comia suas entranhas, fixava-se dentro dela e transbordava como sangue e verdade.
Perto, tão perto, e tão assustadoramente longe. Foi ai que ela se sentiu menos mulher, muito menos do que poderia ser e balbuciou alguma coisa que nem consegue lembrar enquanto tentava, apenas tentava fingir (mais uma vez)
Olhou dentro daquela visão e segurou a alma e mostrou tudo sem mostrar nada: ela não podia entender aquela dimensão, aquilo que não podia tocar e com as mãos paradas, esforçou-se e respirou, esforçou-se e sangrou com classe.
Depois que seus olhos estavam cegos com aquela luz azul, saiu tateando as paredes do coração, saiu vencida e sem metáforas que justificassem a sua melhor ferida.
Karla Bardanza
Você está ouvindo meu amado Cocteau Twins cantando Song to the Siren