
Anjos da Terra
Data 01/10/2007 23:48:13 | Tópico: Poemas
| ANJOS DA TERRA
“Quando eu morrer nasce um melhor ou pior...” “Quando eu morrer vou descansar...”
(menino do tráfico) I
Não sei se rezo pai-nosso que está longe ave-maria que está no céu glória ao pai, ao filho e ao espírito santo até a hora de nossa morte,
ou
se faço oração rosário novena suplica promessa quarentena
ou
imploro a pai de santo curandeiro rei padre feiticeiro presidente ou
berro aos prantos - Tirem os meninos!
Não sei se canto com voz afinada um rap, ou desafino pop, jazz, carnaval pagode, rock, hip-hop: - Este flerte é fatal!
Não sei se desafino gentilezas favores conveniências...
ou
Simples(mente) tapo a cara de pau de bunda de santo fingido.
Não sei se d i s p a r o verso perdido rima rica rima pobre prosa incisiva: - Tirem os meninos!
ou
se choro choro convulsivo sentido patético banal, trágica lamentação
ou
solto o verbo e diversas vozes arrastadas de sono e flerte fatal: - Tirem os meninos do tráfico! Os desafinados também têm um coração.
II
Meu menino está na ponta do céu iluminando trilhas de caminho apagado. Está no vento que sopra brisa nos cabelos suados de mãe. Está no sol que esquenta ar frio. Está lá aqui acolá... Em todos e nenhum lugar.
Meu menino têm cabelos pretos vermelhos e dourados, encaracolados feito cachos de anjos, mas não têm asas por que nunca vai voar.
Meu menino não sei onde está... Não sei se perdi por aí ou se está vagando feito alma perdida.
Meu menino não chora de noite não brinca comigo nem lança olhar de amor pra mim.
Meu menino jamais vai me pedir nada.
Meu menino não existe...
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