O amor é uma palavra em movimento, arranhando a lua, mordendo o vento, me empurrando para perto de mim mesma quando estou fora do céu e longe do tempo.
O amor é um verbo ousado e cheio de manhã que assanha e inventa a minha pele, os meus pelos, os meus sóis na esquina da cama enquanto te chamo para dentro, sussurrando nós.
Enxuga essa gota que cai ainda dos meus olhos de espelho, fale essas coisas perdidas dentro de ti que me faz tanto bem ouvir. Sigamos as musas enquanto a hora abusa do desejo, enquanto esse beijo te busca.
O amor é esse impulso para a vida, para o instante delicado quando te quero mais safado, mais corpo, mais profundo. O amor é o mundo.
Confesso sem medo que o prazer é poesia, que é esse nosso agora destemido rasgando a sala, o quarto, os lençõis agora que estamos tão sós, tão lindamente sós.
O amor é isso que me dói tanto, tanto sentir outra vez e que se enrosca em mim como letras, como palavras e prece. O amor é a armadilha que você me tece como uma aranha impassível e feliz, dizendo com as mãos o que a boca não diz.
Sigamos as musas. O amor é a blusa no chão, a mão sem limites, a metamorfose indecente da alma, o desespero puro do querer e dar. O amor é o verbo que pegou fogo. O amor é a fúria calma que vive em mim de novo.