
Belos Tempos
Data 29/06/2011 22:17:05 | Tópico: Poemas
| Não importa o lado para o qual me vire na cama, ar á esquerda ar á direita o percurso mental repete-se pelo limiar da doçura sórdida que é o sonambulismo horizontal, prego os olhos no infinito branco-sujo que é o tecto que se projecta à minha frente e lembro. Lembro-me como se fosse o amanhã mais correcto: eram tinturas aspergidas numa caligrafia ensaiada em papel quadriculado ou pautado ao gosto do freguês e aquelas missivas geométricas encerravam a chave dicotómica para a felicidade de levar em mão e boca - sim, não, um talvez aconchegado na cova de um dente. Suspiro. Belos tempos. Em termos de inconsciência batiam-se autênticos recordes. Amores eram sonos que não se dormiam nunca, Oh sim! Como este agora, que se escapa por entre os trilhos onde joga o meu olhar, que atiro ao vermelho angular das pedras. Percebo os meus vínculos milenares à meia luz,trazendo singularmente meia verdade. Difracções transitórias, convergentes em pontos microscópicos parelelos além sensação. Não desepero, algo existirá possuíndo a outra metade. Nova inquietação em rotações convulsas amparadas em linho bravio. Junho vive e usa frio consigo. (...)
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